O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), criticou hoje a decisão da Câmara de absolver os deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP). Um acordo entre parlamentares do governo e de oposição salvou ontem da cassação os dois deputados Brant e Luizinho foram citados no relatório parcial aprovado pela CPI dos Correios, em agosto do ano passado, que apontou o envolvimento de 19 deputados que receberam dinheiro de caixa dois do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
"Precisamos ouvir a voz rouca das ruas. E nessa batida que estamos indo vai ficar cada vez mais difícil andarmos nas ruas. A opinião pública vai reagir fortemente", afirmou Delcídio Amaral. Ele lembrou que as denúncias de recebimento de recursos ilegais para campanhas eleitorais pelos 19 parlamentares foram analisadas pela CPI dos Correios, pela extinta CPI do Mensalão, pela Corregedoria da Câmara e pelo Conselho de Ética da Câmara. Nas quatro instâncias, todos eles foram considerados culpados. "As coisas estão chegando a um surrealismo tal que daqui a pouco o Conselho de Ética vai ter de pedir desculpas por ter pedido a cassação dos envolvidos com o mensalão", argumentou o presidente da CPI.
Cauteloso, Delcídio Amaral afirmou que não queria fazer "nenhum juízo de valor" sobre a existência de um acordo entre governo e oposição para salvar Brant e Luizinho da cassação. Em agosto passado, a CPI dos Correios e a do Mensalão aprovaram relatório conjunto apontando o envolvimento de 19 deputados com o recebimento de recursos de caixa 2 de Marcos Valério. O relatório foi enviado à Mesa da Câmara e as denúncias investigadas pela Corregedoria da Casa.
Na época, Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (sem partido-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Paulo Rocha (PT-PA) renunciaram para fugir ao processo de cassação. Dos 19 acusados de envolvimento com o valerioduto, além de Luizinho e Brant, foram absolvidos Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG) e cassados Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP).
