Vacina contra a gripe será fabricada no Brasil

De uma hora para outra, febre, dores musculares, tosse. De um simples resfriado para uma gripe forte, há uma grande diferença. A pneumonia, principal complicação da gripe, é responsável por 2 milhões de hospitalizações e 33 mil mortes anuais no País, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

"A gripe é uma doença que derruba a pessoa", explica o professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e integrante do Grupo Regional de Observação da Gripe (Grog) João Toniolo Neto.

Cientificamente, o vírus da gripe é chamado de Myxovirus Influenzae. Já a doença conhecida como resfriado é causada por outros vírus chamados respiratórios (como o vírus sincicial respiratório, por exemplo, mais ainda o coronavirus, o parainfluenza, o rinovírus e o adenovírus, entre outros).

A boa notícia para quem sofre com esses males é que, até dezembro deste ano, o Instituto Butantan, em São Paulo, começará a fabricar a vacina contra a gripe, principalmente para ser usada na Campanha Nacional de Imunização de Idosos, que acontece de 24 a 29 de abril e de 2 a 5 de maio.

A vacinação contra a gripe – que também protege contra a pneumonia – pode reduzir em até 57% o número de casos de gripes, perdas no trabalho e consultas médicas dos pacientes. Ela possui eficácia de até 90% em pessoas sadias. Ou seja, a cada 10 pessoas vacinadas, de 7 a 9 não terão gripe.

Vírus novo o tempo todo

Como o vírus da gripe é mutante, novas vacinas precisam ser desenvolvidas a cada ano.

Sua composição é alterada de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMSAs).

As que chegaram ao Brasil estão atualizadas de acordo com três subtipos, e disponíveis nas principais clínicas particulares desde a semana passada.

Os idosos não são o único grupo que corre o risco de contrair a gripe. "Crianças a partir de seis meses até cinco anos de idade também têm bastante complicações quando adquirem a doença", explica o infectologista Ricardo Cunha.

Entre as diversas recomendações aos pais feitas pela Sociedade Brasileira de Pediatria, estão a inclusão da vacina contra a gripe no calendário de imunização de crianças. Isso é recomendado porque estudos internacionais já demonstraram que, nesta idade, as crianças apresentam taxas de infecção de internação semelhantes aos idosos.

Cultura da gripe

Nestes casos, a opção é procurar uma clínica particular. A aplicação da vacina antigripal custa em torno de R$ 44.

O melhor, para o infectologista, é ter algum tipo de orientação médica antes de receber a vacina da gripe ou de qualquer outro tipo.

Cunha acha que, desde o ano de 1997, a conscientização a respeito da doença vem se fortalecendo. "Aos poucos, cria-se uma cultura de prevenção à gripe. Evitar a doença, em vez de tratá-la, diminui as complicações, demanda hospitalar e, se não a afasta em sua totalidade, pelo menos faz com que ela apareça de forma mais leve", explica o infectologista.

A vacina da gripe deixa gripado?

Tomar a vacina contra a gripe pode deixar a pessoa gripada? A pergunta pode soar estranha, mas você certamente já ouviu alguém reclamar que, depois de receber sua dose, começou a desenvolver alguns sintomas de resfriado – mais localizados no nariz e na garganta.

"É impossível. O vírus usado na fabricação da vacina contra a gripe está morto, triturado", explica o professor João Toniolo.

Segundo ele, o que pode acontecer é a pessoa ter um resfriado no tempo que antecede o início da ação da vacina, pois ela leva 15 dias para começar a proteger o organismo.

A atual vacina foi aperfeiçoada em relação às anteriores, eliminando alguns efeitos adversos. "O vírus usado está inativo e fragmentado em vários pedaços. Todas as partes ruins foram eliminadas", explica a pediatra e gerente médica da Sanofi Pasteur, Jéssica Presa.

Contra-indicações, só para pessoas alérgicas à proteína do ovo (usado para o crescimento do vírus), com determinadas doenças agudas ou neurológicas e crianças com menos de seis meses de idade.

Além disso, a vacina contra a gripe pode ser administrada com outras no mesmo dia, porém, em diferentes partes do corpo. Apenas 5% das pessoas que a receberam relataram um mal estar leve e passageiro e, em menos de 1% dos vacinados, foram observados sintomas de febre. Para grávidas, a vacina pode e deve ser administrada. Quem recomenda é a pediatra Jéssica, grávida de seis meses. "Gestantes também compõem um grupo de risco. Contrair uma gripe no último semestre de gravidez sinaliza mais chances de complicações pulmonares", alerta a médica.

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