A eleição do ex-ministro Ricardo Berzoini para a presidência do PT foi mais um passo para que as hostes governistas tentem a reaglutinação, na base do contra-ataque e da teoria do perdão. Perdão para aqueles que, acompanhando Lula ou se aninhando no seu governo, mamando mensalões ou se beneficiando de caixa 2, formaram o mais eclético e menos ético dos governos brasileiros de que se tem notícia.

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Essa reaglutinação comandada pelo próprio presidente da República já conseguiu uma expressiva vitória com a eleição de Aldo Rebelo, também ex-ministro, para a presidência da Câmara dos Deputados. Outra vitória tem sido tentada, mas entrou boi na linha. Procuram colocar um possível sucesso na área econômica como blindagem capaz de tornar inatingível o governo. Só que o inesperado e indesejado aconteceu. Surgiu a febre aftosa para colocar em risco os resultados econômicos do País, especialmente nas exportações. E há quem culpe o governo, que teria negado verbas para providências tempestivas capazes de garantir a saúde do rebanho. Um caso de crime de lesa-pátria. Este mal, que afeta todo o Brasil, retira de Lula e do seu grupo a principal tática de defesa do prestígio do governo.

Nova vitória obteve Lula no PT, o partido ao qual é filiado, fundador e líder absoluto, mas que nas piores horas da crise tentou convencer que nada tinha com o que nele acontecera; que, como presidente, era uma espécie de petista licenciado, cego, surdo e mudo em relação ao que vinha acontecendo dentro da agremiação, mesmo que em seu próprio benefício. Foi eleito o grupo chamado ?Campo Majoritário?, o de Lula, na formação do novo diretório nacional petista, depois que o antigo se enterrou até o pescoço no mar de lama e sofreu intervenção. O novo presidente é o ex-ministro Ricardo Berzoini, que disputou com a representação da esquerda do partido.

Berzoini, mal assumiu, já disse a que veio. Começou por defender os deputados petistas ameaçados de cassação. O argumento de defesa é o contra-ataque. Nos idos de 1998, o senador Eduardo Azeredo, de Minas Gerais, quando candidato a governador daquele estado, recebeu recursos que passaram pelas mãos do seu conterrâneo Marcos Valério, o publicitário que foi o duto através do qual se alimentaram os petistas e aliados de caixa 2 e mensalões. Hoje, Azeredo é presidente nacional do PSDB, partido de oposição.

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Entende Berzoini que tudo não passa de uma luta política e reclama que estão acusando os petistas e deixando de lado as maracutaias praticadas, no passado, pelo PSDB de Minas Gerais.

Uma defesa frágil, pois se outros pecaram no outro lado e no passado, ou mesmo no presente, em nada diminui a culpa em cartório da atual turma que está no poder. Além disso, a CPMI dos Correios está aprofundando as investigações sobre o presidente nacional do PSDB e outros que se beneficiaram do esquema de financiamento ilegal de campanha em 1998.

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Ao que tudo indica, aquela disposição declarada do governo, expressa pelo próprio presidente Lula, de que os culpados terão de ser punidos, sejam quem forem, doa a quem doer, já não mais vale. As hostes situacionistas tentam reaglutinar-se para fazer uma imensa pizza, sob o argumento de que outros já praticaram, em menor volume e mais localizadas, as mesmas maracutaias. Portanto, elas são dos usos e costumes da política brasileira. Isto as legitimaria. Absurdo!