O presidente da Copel, Rubens Ghilardi, e o presidente do Complexo Energético do Rio Jordão (Elejor), Sérgio Lamy, inauguraram, nesta sexta-feira, a Usina Santa Clara, na região central do Estado. A solenidade foi encerrada com mensagem, por telefone, do governador Roberto Requião, que não pôde comparecer à inauguração devido às más condições climáticas.
?Fizemos uma parceria à moda paranaense. Esta é uma Usina da Copel com participação privada, que assegura vigilância maior na administração e racionalidade de todo o processo?, afirmou o governador.
Santa Clara produz 120 megawatts de potência e foi construída com investimentos de R$ 480 milhões, no Rio Jordão, entre os municípios de Pinhão e Candói. ?O Ministério das Minas de Energia destaca a participação da Copel e a satisfação de ver a construção desta usina que está aumentando a capacidade de geração em uma região tão importante para o país como o Paraná?, declarou o representante diretor de outorga do Ministério das Minas de Energia, Sidnei Lago Junior.
A hidrelétrica integra o complexo energético complementado pela Usina Fundão, também de 120 megawatts, e por mais duas pequenas centrais hidrelétricas incorporadas às barragens que adicionam 5,9 megawatts ao conjunto. A construção das usinas deverá gerar R$ 5 milhões em INSS para cada um dos municípios abrangidos.
Na companhia do governador, o presidente da Itaipu Binacional Jorge Sameck, disse que a Copel é o símbolo da competência paranaense. ?A Copel não produz só energia, mas inteligência, aproveitando o potencial hidráulico no nosso Estado. O trabalho para geração de energia tornou a Copel uma das empresas mais competitivas do mundo devido aos resultados apresentados?, disse Sameck.
Potencial
A concessão dos aproveitamentos pertence à Elejor ? Centrais Elétricas do Rio Jordão, empresa controlada pelo Governo do Paraná por meio da Copel, que detém 70% das ações.
A área da usina Santa Clara é de 2.115 hectares e a barragem possui 72 metros de altura. A usina deverá gerar energia suficiente para alimentar uma cidade de 600 mil habitantes por dia e seguiu rigorosos critérios ambientais obedecendo sempre o código florestal durante o processo de construção. A central já está operando comercialmente e toda a sua produção é injetada no sistema elétrico da Copel para atender diretamente o mercado paranaense.
As obras do Complexo energético do Rio Jordão são as últimas que a Copel constrói para atendimento ao seu próprio mercado. ?Hoje o Paraná gera energia suficiente para o seu desenvolvimento, sem a necessidade de investimentos em usinas deficitárias ou construção de novos complexos?, disse o presidente da Copel Rubens Ghilardi, completando que a previsão para o início de operação de Fundão é o segundo semestre do próximo ano.
O novo modelo do setor elétrico estabelece que toda a produção de novas usinas geradoras seja negociada através de leilões pelo sistema de pool. ?Assim todas as novas usinas cuja construção a Copel venha a participar no futuro irão gerar energia para o mercado brasileiro ? e não mais somente para os paranaenses?, disse o presidente da Copel.
Segundo ele, com as hidrelétricas do Rio Jordão, fecha-se um ciclo de meio século na história do Paraná em que a Copel, alinhada aos interesses da população, dedicou-se a construir um conjunto de usinas capaz de dotar o Estado de toda a força necessária ao seu desenvolvimento econômico e social.
?O sentido e o resultado dessa luta é que o Paraná talvez seja o único Estado brasileiro onde a energia elétrica não é tratada como mercadoria, mas como fator de estímulo ao crescimento da economia, geração de empregos e promoção da inclusão social?, finalizou Ghilardi.
Meio Ambiente
O estudo de impacto ambiental do empreendimento recomendou a implantação e desenvolvimento de 33 projetos ambientais e sociais para garantir a construção de Santa Clara e Fundão. O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Luiz Efuardo Cheida, considerou exemplar o trabalho realizado para evitar a degradação ambiental do entorno e das áreas onde foram construídas as Usinas.
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) vem fiscalizando os programas executados que incluem, por exemplo, monitoramento da qualidade da água, monitoramento do clima, salvamento do patrimônio arqueológico, reassentamento de famílias, constituição da mata ciliar, reserva legal, limpeza do reservatório (desmate) e monitoramento da encosta.
?Esta é uma experiência modelo na área de geração de energia, em que todo o processo foi monitorado pelo IAP, o que torna um empreendimento ambientalmente correto?, disse o secretário Cheida.
De acordo com o presidente da Elejor, Sérgio Lamy, houve preocupação de respeitar o período de florada das espécies existente. ?Foram retiradas as sementes e produzidas 200 mil mudas para o plantio e cerca de 90 quilômetros de mata ciliar fazem parte do programa de proteção da margem do reservatório?, informou.
Segundo ele, a Santa Clara fará ainda a Área de Preservação Permanente (APP) na própria área da Usina ? diferente de outros modelos onde a APP é feita em outras propriedades. ?Plantamos 160 mil mudas, das 200 mil previstas para recomposição da mata ciliar, em 400 hectares de área?, demonstrou o coordenador de programas Ambientais da Elejor, o engenheiro florestal Luiz Eduardo Wolff.
Faz parte ainda da medida compensatória a construção de um centro de educação ambiental na região e um Parque estadual na área lindeira, que deverão estar prontos até a metade do próximo ano. ?Esta é uma preocupação ambiental do governo que irá nortear o licenciamento para instalação de outros empreendimentos futuramente?, disse Cheida.
Fauna
O monitoramento da fauna existente no local foi uma das primeiras atividades a ser realizada, para evitar possível perda de animais. Após esta etapa, iniciou-se o processo de desmate da área para evitar que a madeira submersa venha a comprometer a qualidade da água posteriormente. O desmate foi feito de forma que houvesse fuga natural da fauna e a madeira cortada foi aproveitada economicamente pela população local, de acordo com o que foi definido em audiências públicas.
Aproximadamente 30 proprietários rurais receberam recursos pela desapropriação que ocorreu de forma positiva. Após o processo de desmate deu-se início ao processo de resgate da fauna existente. O IBAMA concedeu licenciamento que permite retirar os animais e levar para uma base de fauna. Neste local as espécies são catalogadas e enviadas para instituições cadastradas antecipadamente e indicadas pelo IBAMA.
Foram encontradas diversas espécies de répteis, anfíbios e pequenos mamíferos ? em sua grande maioria ratos. De acordo com o médico veterinário responsável pelo resgate da fauna, Moacir Monteiro, isso se deve ao trabalho inicial que fez com que animais de grande porte se deslocassem sozinhos para áreas de mata. Segundo ele, cerca de 70 pessoas – entre universitários e especialistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) trabalharam no processo de preservação da fauna.
