Uruguaios cobram participação do Brasil na crise das “papeleras”

Montevidéo (Uruguai) ? Os uruguaios cobraram uma posição do Brasil sobre a disputa entre a Argentina e o Uruguai sobre a construção de duas fábricas de celulose às margens do rio Uruguai, que divide os dois países. Os argentinos chegaram a bloquear pontes para protestar contra a situação. O governo argentino afirma que o país vizinho violou acordos internacionais que regulam a exploração do rio. Também alega que as fábricas ameaçam o meio ambiente. O Uruguai se defende justificando que os projetos seguem os padrões internacionais e vão proporcionar empregos e investimentos na região.

"O bloqueio de pontes não é um problema bilateral entre Argentina e Uruguai. É um problema de caráter internacional que afeta o livre trânsito, que é uma norma clássica do Mercosul", disse o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Reynaldo Gargano, durante entrevista coletiva hoje (23) ao lado do chanceler brasileiro Celso Amorim.

Entre fevereiro e março, manifestantes argentinos bloquearam por 45 dias o trânsito entre a cidade argentina de Gualeguaychú e a uruguaia de Fray Bentos, principal ligação entre os dois países. Kirchner e Vasques concordaram com a paralisação das obras por 90 dias, para inspeções rigorosas sobre os riscos de poluição.

A crítica também partiu do ex-chanceler uruguaio e atual senador pelo Partido Nacional, Sérgio Abreu. "O Partido Nacional não viu com bons olhos a indiferença do Brasil nos conflitos com a Argentina. Quando se recorre ao Mercosul, tem que ser recorrido em tudo. Não é possível esquecer o Mercosul para essas coisas e relembrar a existência do Mercosul para outras", disse no Congresso, em Montevidéu.

O senador ainda comentou a negociação bilateral do Uruguai com outros países, entre eles os Estados Unidos. "É importante ter uma flexibilidade nas negociações com outros países. Uma flexibilidade que nos permita transitar para uma melhor inserção comercial com outros países e não somente com os Estados Unidos. Temos que assumir as assimetrias e terminar com a hipocrisia", criticou. O Brasil já comentou algumas vezes que não vai interferir na discussão, porque seria um tema bilateral.

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