O governo do presidente uruguaio Tabaré Vázquez anunciará oficialmente no dia 26 o encerramento da procura dos mais de 30 desaparecidos políticos da Ditadura Militar (1973-85). Ao longo do último ano e meio foram realizadas várias tentativas de localizar os corpos dos civis assassinados pelos militares. No entanto, com poucas exceções, as tentativas foram infrutíferas. O governo argumenta que na falta de documentação por parte dos militares, a localização dos corpos é impossível.

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Os organismos de defesa dos Direitos Humanos estão protestando contra a medida, pois consideram que as Forças Armadas possuem informação sobre o paradeiro dos corpos. No entanto, sustentam que os militares estão escondendo todo tipo de dados sobre os assassinatos e os lugares onde os corpos foram enterrados.

Segundo o vice-presidente Rodolfo Nin Novoa, o decreto presidencial será assinado pelo gabinete em peso, além das principais lideranças parlamentares. De forma simbólica, o governo também anunciará oficialmente a criação do "Dia do Nunca Mais" aos seqüestros, tortura e assassinatos. O dia será celebrado cada 19 de junho, data do nascimento do herói da independência uruguaia, Gervasio de Artigas.

O secretário-geral da presidência da República, Gonzalo Fernández, declarou que o dia do "Nunca Mais" será estabelecido "para que esse tipo de acontecimentos (a repressão da ditadura) não se repita jamais entre os uruguaios".

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Luisa Cuesta, uma das líderes das organizações de parentes das vítimas da Ditadura, reclamou indignada contra o decreto de Vázquez: "não é possível uma reconciliação dentro da sociedade, já que os militares não deram passo algum nessa direção. A reconciliação da sociedade não se estabelece por decreto".

Julgamentos

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Os militares e policiais que cometeram violações aos Direitos Humanos durante a Ditadura (1973-85) no Uruguai foram beneficiados em 1989 com a Lei de Caducidade Punitiva do Estado (lei de anistia). A Ditadura assassinou 32 uruguaios dentro do Uruguai. Outros 132 foram mortos fora do país, por meio do Plando Cóndor. Milhares de pessoas foram torturadas e presas.

Nos últimos anos os organismos de defesa dos Direitos Humanos tentaram driblar a Lei de Caducidade ao processar os militares pelos crimes cometidos (vários oficiais foram extraditados por crimes no Chile, enquanto que outros aguardam a extradição por crimes realizados na Argentina). Os civis, que não são contemplados pela Lei, também começaram a ser processados.

Esse é o caso do ex-presidente civil Juan María Bordaberry (que em 1973 deu um golpe de Estado, transformando-se no títere dos militares), recentemente detido pela acusação de co-autoria de homicídio agravado dos senadores Zelmar Michelini (na época, um dos principais líderes da oposição) e Héctor Gutiérrez Ruiz. Os tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw também foram assassinados por supostas ordens de Bordaberry. Os assassinatos foram realizados em Buenos Aires, dentro do "Plano Cóndor", o esquema de cooperação entre as Ditaduras do Cone Sul.