Os governos do Uruguai e do Paraguai deixaram claro que não aceitarão a decisão dos governos do Brasil e da Argentina de eliminar o dólar de todas as operações comerciais internas do Mercosul. A definição dessa posição ocorre poucos dias antes do início da cúpula de presidentes do Mercosul, que será realizada no Rio de Janeiro na quinta e sexta-feira. A posição dos governos em Montevidéu e Assunção joga mais lenha na fogueira de uma cúpula que promete ser turbulenta, onde predominarão os ressentimentos, os conflitos comerciais e políticos, além dos choques de egos presidenciais.
Ontem o jornal portenho El Cronista publicou declarações do subsecretário de Integração do Uruguai, Carlos Amorim. Ele afirmou que, embora seu governo não se oponha ao uso de moedas regionais como norma do Mercosul, na prática não as utilizará. ?Para nós, isso não tem sentido?, disse Amorim.
A idéia de eliminar a moeda americana do intercâmbio no Mercosul foi anunciada oficialmente em julho do ano passado pela ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, e pelo Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, durante a reunião de cúpula de presidentes do Mercosul na cidade argentina de Córdoba. A idéia era diminuir os custos financeiros dos exportadores e importadores, que precisam adquirir dólares para realizar os pagamentos dos produtos de seus colegas dos países sócios do bloco.
O plano original era que essa nova modalidade – com a utilização do peso e do real para as operações – seria somente aplicada no início pelo Brasil e a Argentina. Eventualmente seria utilizado pelos outros países sócios. Mas, além do Uruguai, o Paraguai também deixou claro que a medida não é de seu agrado.
O governo do Paraguai também havia indicado que não pretendia aceitar o fim do uso da moeda americana nas operações dentro do Mercosul. No fim de semana, o chanceler Rubén Ramírez Lezcano, anunciou em tom crítico: ?O governo paraguaio não aprova nem aprovará medida alguma de desdolarização?.
Segundo Lezcano, o Mercosul deveria facilitar a vida dos exportadores e importadores do bloco, utilizando em suas operações comerciais as moedas locais, como o guarani (Paraguai) o peso argentino, o peso uruguaio e o real. ?Mas, de forma alguma, impedir o uso do dólar.? As informações são de O Estado de S.Paulo.