Unidos de Vila Isabel faz belo tributo a Noel Rosa

A Unidos de Vila Isabel fez um belíssimo tributo a Noel Rosa, seu compositor-símbolo, no ano em que ele, que morreu aos 26 anos, celebraria o centenário. O espírito de Noel, como prometera Martinho da Vila, o presidente de honra da escola e autor do inspirado samba-enredo, contagiou mesmo os componentes, que dançaram com graça e emoção e cantaram com entusiasmo os versos “E a fantasia que se usa/ Pra sambar com o menestrel/ Tem a energia da nossa Vila Isabel”.

Martinho abriu o desfile, vestido de João Cândido, o almirante negro – a Vila fez a ligação entre o nascimento de Noel e a Revolta da Chibata, fatos de 1910, assim como a passagem do cometa Halley, todos mencionados no samba. Estava muito nervoso e comovido. “Estou me sentindo como um principiante”, brincou, ao comentar sobre os outros carnavais em que foi o autor do samba-enredo. “É muito difícil controlar minha emoção. Estou fingindo que estou calmo… Noel não foi só música, transcende, foi atitude também.” Martinho deixou para Tinga a interpretação do samba e ficou na avenida.

A Vila Isabel optou por focar não nas músicas, mas na vida de Noel, a boemia, as noites nos cabarés, as batalhas de confete durante o carnaval, a era do rádio, os duelos musicais com Wilson Batista, a fase com o bando dos Tangarás. Outros compositores, como Cartola, Ismael Silva e Lamartine Babo foram homenageados. Duas das composições mais conhecidas de Noel foram lembradas: “Fita Amarela”, em uma ala, e “Com que roupa?”, no carro do Theatro República, em outra. “Frankenstein da Vila”, de Batista, foi simbolizada por um Frankenstein gigante e fantasias.

Noel apareceu em duas grandes esculturas, uma com os Tangarás, no famoso vídeo que tem sua única imagem em movimento preservada, e no último carro, que reproduz sua estátua em bronze localizada na Boulevard 28 de Setembro, a via mais movimentada de Vila Isabel. Nesse carro, uma festa no céu era encenada, em que Noel celebra com seus pares. A bateria veio de “os reis da noite”, tendo à frente sua rainha, Gracyanne Barbosa.

O público recebeu bem a escola azul e branco. O samba é muito bonito, mas não é exatamente do tipo que levanta as arquibancadas do sambódromo. O ritmo mais lento da bateria causou estranhamento em uns, mas fez muitos outros rememorar antigos carnavais. O carnavalesco Alex Souza criou fantasias bonitas e criativas – mais leves, outra promessa de Martinho feita antes do carnaval, já que o objetivo era deixar o folião bem livre, para dançar à vontade. Pontos pra Vila. O presidente, Wilson Alves, conhecido como Moisés, evitou o clima de “já ganhou”. “Resultado só na apuração! Mas é claro que uma escola com um enredo com conteúdo e bem descrito e um samba fantástico já entra com vantagem”.

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