O presidente executivo do Unibanco, Pedro Moreira Salles, negou nesta quinta-feira (23) que o banco tenha negociado a compra da chamada "fatia podre" do Banco Nacional. "O que nós fizemos foi facilitar o entendimento entre as partes", disse, durante encontro com analistas da Apimec, em São Paulo.
As partes mencionadas por Moreira Salles são o Banco Central, o liquidante, os controladores do Nacional (família Magalhães Pinto) e os credores, sendo que o Unibanco se encaixa nesta última categoria, segundo o executivo. "Como credores, nós trabalhamos para buscar valor para essa massa", explicou.
O presidente do Unibanco classificou o interesse despertado pela operação como um "assunto midiático". "A questão é tratada como uma disputa entre duas famílias, o que não é o caso", assegurou. A intenção da instituição, acrescentou, é tentar buscar um acordo para o processo, que se arrasta há mais de 10 anos, desde a aquisição da "parte boa" do Nacional pelo Unibanco.
Segundo informações veiculadas na imprensa esta semana, o acordo entre o Unibanco e os Magalhães Pinto prevê a criação de uma empresa de propósito específico, com capital de R$ 150 milhões, dividido igualmente entre as duas partes. Os recursos da empresa que será responsável por apresentar uma proposta para o encerramento da liquidação extrajudicial do banco, serão aportados pelo Unibanco. Após o encerramento do processo, a família Magalhães Pinto se comprometeria a entregar sua fatia na empresa ao Unibanco. Essa operação foi interpretada pelo mercado como uma aquisição.
Moreira Salles afirmou que a questão nada tem a ver com o Proer, como chegou a ser levantado. "O que nós queremos é encerrar esse assunto", afirmou. Ele lembrou ainda que, "no Brasil, até o passado é incerto", reproduzindo uma frase famosa dita pelo seu colega no conselho de administração do banco, Pedro Malan, na época em que era ministro da Fazenda.