O jornalista Vladimir Herzog tinha 38 anos, era casado e pai de dois filhos, quando foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo. O fato ocorreu na tarde de 25 de outubro de 1975 e, no dia seguinte à sua morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial à imprensa informando que Herzog cometera suicídio na cela em que estava preso.

Desde a sua divulgação, a versão oficial foi refutada pelos movimentos de resistência à ditadura militar (1964-1985). Uma semana após a morte do jornalista, mais de oito mil brasileiros participaram de uma missa ecumênica organizada por D. Paulo Evaristo Arns, pelo reverendo James Wright e pelo rabino Henri Sobel.

O ato transformou-se num dos marcos das articulações que levariam ao fim da ditadura. ?Que a memória de Vladimir Herzog faça dessa geração a geração da esperança que renasce todos os dias, e que todas as esperanças em conjunto formem uma corrente irresistível que nos levará a dias melhores?, afirmou Dom Paulo, naquele evento.

Três anos depois, no dia 27 de outubro de 1978, o processo movido pela família do jornalista, trouxe à tona a verdade sobre a morte de Vladimir Herzog. A União foi responsabilizada pelas torturas e pela morte do jornalista, naquele que foi o primeiro processo vitorioso movido por familiares de uma vítima do regime militar contra o Estado.
À época em que foi morto, Vladimir Herzog, cujo apelido era Vlado, era diretor de jornalismo da TV Cultura, de São Paulo. O jornalista, de origem judaica, foi enterrado com honras (os suicidas judeus são enterrados fora dos muros que cercam seus cemitérios), pelo rabino Henry Sobel, após a comunidade israelita refutar o laudo oficial do governo brasileiro.
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