União Européia atrasará projeto da tv digital em até 20 meses

Uma decisão quanto à implantação de uma nova fábrica de semicondutores no Brasil vai demorar mais tempo do que espera o governo. Os europeus dizem que levarão de um ano a 20 meses para concluir seus estudos de viabilidade do investimento, enquanto os japoneses esperam concluir suas avaliações em um prazo de seis meses a um ano.

Com isso, a escolha da tecnologia de TV digital a ser adotada no Brasil deverá ser adiada em mais alguns meses. Os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e da Fazenda, Antonio Palocci, estão entre os que não abrem mão do investimento em tecnologia como contrapartida pela abertura do mercado brasileiro à TV digital, seja ela japonesa ou européia. Eles vêem na escolha da nova tecnologia a oportunidade para dar um impulso inédito à política industrial.

Hoje, o responsável pela ST Microelectronics no Brasil, Ricardo Tortorella, esteve no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para uma reunião com a área técnica dos ministérios envolvidos nas discussões de TV digital. Participaram os secretários de Política Industrial, Jairo Klepacz, e de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, além do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Alessandro Teixeira.

Segundo um dos participantes da reunião, as discussões agora estão em um nível mais técnico. Os europeus disseram que a decisão de instalar uma fábrica no Brasil dependerá de uma avaliação que demorará até 20 meses, ao longo dos quais serão analisados não só as condições do mercado para semicondutores, como também as facilidades que o governo brasileiro tem a oferecer. Eles pediram informações, por exemplo, sobre possíveis incentivos fiscais (redução ou eliminação de tributos) e condições de financiamento.

A avaliação entre os técnicos é que, embora os estudos técnicos demandem mais tempo, nada impede que europeus ou japoneses anunciem em algumas semanas uma decisão política de fazer o investimento. Nesse caso, será pedido a eles um compromisso formal de instalar a fábrica. Há, porém, uma pressão de tempo, pois a intenção é escolher o padrão de TV digital ainda este ano Entre os técnicos, há quem avalie que a fábrica é importante, mas não é caso de vida ou morte. Mais importante seria a transferência de tecnologia para o País.

Japoneses

O representante do padrão japonês de TV digital, Yasutoshi Miyoshi, divulgou hoje um comunicado à imprensa em que lista eventuais vantagens da tecnologia desenvolvida no Japão em relação aos demais padrões em estudo (o europeu e o americano), como a robustez na recepção dos sinais, que é a capacidade de levar o sinal de televisão digital a qualquer lugar do País.

Miyoshi admite que o valor do chip usado para recepção de sinais (demodulação) no modelo japonês é "ligeiramente mais elevado" que os demais, com custo de US$ 2,00 a US$ 3,00. Ele diz, no entanto, que esse custo é compensado pela "flexibilidade e robustez na recepção", que permitem que os sinais de transmissão sejam recebidos sem necessidade de antenas externas, que custam, segundo ele, cerca de R$ 200,00. Miyoshi ressalta que 48% dos telespectadores de TV aberta no Brasil utilizam antenas externas

O comunicado diz ainda que a tecnologia japonesa não permite a interferência de ruídos gerados por eletrodomésticos, como liquidificadores ou ventiladores. Para o representante do padrão japonês, a sua tecnologia permite maior capacidade de transmissão, com maior volume de dados, o que resultaria em alta qualidade de imagem.

Ele lembra ainda a proposta já apresentada ao governo brasileiro de isenção de royalties, que poderá resultar em benefício ao consumidor. E nega que uma eventual adoção do padrão japonês criaria dificuldades para o Brasil exportar equipamentos produzidos no País. Segundo ele, o único componente exclusivo do sistema japonês é o chip demodulador, que pode ser facilmente substituído para que o televisor ou o aparelho conversor de sinais seja utilizado onde há outro padrão de TV digital.

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