Quase 80% da população mundial de idade entre 15 anos ou mais é agora alfabetizada, incluindo uma número de mulheres jamais observado anteriormente, de acordo com os novos números da UNESCO publicados para marcar o Dia Internacional da Alfabetização deste ano (8 de setembro).
As novas estimativas e projeções coletadas pelo Instituto de Estatísticas da UNESCO (UIS) mostram uma queda constante no número de adultos analfabetos de 22,4% da população mundial em 1995 para 20,3% em 2000. Isto significa que o número de adultos analfabetos passou de um total estimado de 872 milhões em 1995 para 862 milhões em 2000. Se esta curva continuar no mesmo ritmo, o Instituto estima que este número deverá cair para 824 milhões (16,5% da população mundial) até 2010.
Os melhores resultados foram obtidos na Ásia e na África. Apesar das disparidades entre as nações, estes dois continentes viram sua porcentagem global de analfabetos diminuir, respectivamente, 5,4 e 2,8 pontos percentuais.
O progresso da alfabetização de mulheres é particularmente encorajador. Apesar de elas ainda representarem, a nível mundial, dois terços do total de adultos analfabetos, em todos os continentes elas têm tido acesso à educação e à alfabetização em um ritmo mais rápido que os homens. O Instituto de Estatísticas da UNESCO destaca que a proporção de analfabetos entre as mulheres de 15 anos ou mais retrocedeu de 28,5 para 25,8%.
Esta tendência esteve mais evidente na África, onde esta porcentagem reduziu 6,4 pontos percentuais, passando para 49,2%. Em outras palavras, pela primeira vez na história, este continente conta com uma maioria de mulheres alfabetizadas. Avanços são também constatados no sul e oeste da Ásia, assim como no norte da África e nos países árabes, onde a porcentagem de mulheres alfabetizadas é agora de 52,2% e 56,4%, respectivamente.
Não há, entretanto, razão para se declarar vitória. Se estas novas estatísticas mostram um planeta cada dia mais alfabetizado, elas também ilustram a excessiva lentidão das mudanças: um adulto em cada cinco é ainda analfabeto. Alcançar a meta fixada pelo Fórum Mundial de Educação (Dakar, abril de 2000), segundo a qual deve-se reduzir à metade o analfabetismo da população mundial até 2015, será uma batalha árdua. Segundo as estimativas, a menos que haja um esforço extraordinário de hoje até lá, a porcentagem de adultos analfabetos deverá reduzir apenas 5 pontos percentuais até 2015.
De acordo com estes dados, somente cerca de 26 países em desenvolvimento têm chance de alcançar o objetivo fixado em Dakar, do quais pode-se mencionar China, Indonésia, Jordânia, Quênia, Oman, Tanzânia e Zimbábue. Outros 39 países estão em vias de uma redução de 40 a 50% de suas taxas de analfabetismo, como é o caso da Argélia, Bahrain, Bolívia, Chile, Equador, Namíbia, Turquia e Zâmbia. E 28 países, entre os quais o Brasil, El Salvador, Laos, Togo e Uganda, poderão ter uma melhoraria de 30 a 40% em seus índices de analfabetismo.
Entretanto, há ainda cerca de 30 países que, até 2015, provavelmente não alcançarão uma melhoria superior a 30% sobre suas taxas de alfabetização de 2000. Nesta lista estão: Bahamas, Bangladesh, Benin, Burkina Faso, Camboja, Comoros, Costa do Marfim, Egito, Eritréia, Eslovênia, Etiópia, Gâmbia, Guatemala, Haiti, Índia, Iraque, Malawi, Mali, Mauritânia, Marrocos, Mianmá, Nepal, Nicarágua, Niger, Paquistão, Papua Nova Guiné, República Dominicana, Senegal, Emirados Árabes Unidos e Vietnã. Sem grandes esforços adicionais de luta contra o analfabetismo, estes trinta países concentrarão 92% da população mundial de analfabetos em 2015.
