Uma mulher brasileira é espancada a cada 15 segundos

Dezenove por cento das mulheres brasileiras, ou seja, uma em cada cinco, sofre algum tipo de violência. Quase sete milhões já foram espancadas com cortes, marcas ou fraturas e mais de seis milhões foram violentadas sexualmente. De acordo com pesquisa da Fundação Perseu Abramo realizada em 2001, uma brasileira apanha a cada 15 segundos.

O estudo foi feito com 61,5 milhões de mulheres brasileiras maiores de 15 anos em todos os estados do país e mostra como a violência contra o sexo feminino ainda é alarmante. Os maus tratos não se resumem à agressão física, mas incluem o assédio sexual, relatado por 1% das entrevistadas, e pressões psicológicas como xingamentos e ameaças, citadas por 2%.

A pesquisa revelou também que a brutalidade contra as mulheres não faz distinção de sexo, idade ou classe social. As causas alegadas são o ciúme e o alcoolismo e os agressores são, em sua maioria, o marido, o parceiro, ou o ex-companheiro. A professora de Filosofia do Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Sílvia Pimentel, alerta para a prática de abusos contra meninas. Esse fator ? a violência doméstica – tem peso na hora da denúncia das agressões. As mulheres quase nunca pedem ajuda e só vão à polícia quando o caso é grave ou há ameaça aos filhos.

Avaliando o contexto em que ocorre a violência contra as mulheres no Brasil, Sílvia Pimentel diz que existe uma relação de poder desigual entre os sexos: o homem possui mais poder em diversos setores da sociedade, na família, na escola, no trabalho e na política. Tal conjuntura é propícia para a prática de atos violentos. "Tanto o homem acha natural bater, como muitas vezes a mulher acha natural apanhar porque têm a convicção de que é próprio do homem bater e da mulher apanhar. Isso não é natural, isso é cultural", defende.

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