De acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), entre 2000 e 2002, mais de 20 milhões de milhões de recém nasceram com peso abaixo do normal e mais de cinco milhões de crianças morreram de desnutrição por ano, a maioria em países em desenvolvimento. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (8/12), em Roma, no relatório Insegurança alimentar no mundo – 2004. Esse número corresponde, aproximadamente, à morte de uma criança a cada cinco segundos por desnutrição e dois nascimentos de bebês abaixo do peso normal a cada três segundos.
O relatório da FAO, que faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que 852 milhões de pessoas sofreram com a subnutrição no período entre 2000 e 2002. Desse total, 815 milhões correspondem aos países em desenvolvimento, 28 milhões aos países em vias de transição, e os 9 milhões restantes, aos países industrializados. Apesar de afirmar que a subnutrição foi reduzida em mais de 30 países, alerta que a meta de reduzir a fome pela metade em todo o mundo, até 2015, não está sendo alcançada.
O documento diz ainda que a fome e a desnutrição custam cerca de US$ 15 bilhões anuais em despesas médicas para os governos. Há estimativas de que 15 países da África e alguns países na América Latina poderiam reduzir a subnutrição pela metade até 2015, ao custo de US$ 25 milhões por ano. Em um período de dez anos, este investimento poderia significar salvar a vida de cerca de 900 mil crianças em todo o mundo.
O relatório também fez uma lista do índice de fome e desnutrição de 95 países em vias de transição. A Eritéia, no leste da África, é o que registra os piores índices, chegando a ter 73% da população afetada. Em países como Bangladesh e Índia, 30% dos bebês nascidos vivos apresentam carência de peso, o que pode resultar em problemas de crescimento e uma maior probabilidade de morte durante a infância. Entre os países em desenvolvimento que apresentaram um menor percentual de subnutrição entre 2000-2002 estão Tunísia (1,04%), República da Coréia (1,4%) e Argentina (1,6%).
Para que se tenha uma idéia do que os índices desse relatório significam, enquanto essa reportagem era lida, aproximadamente 24 crianças morreram de fome e desnutrição, e outras 40 nasceram abaixo do peso em todo o mundo.