O chefe de operações antiterroristas da Scotland Yard, Peter Clarke, disse hoje (12) que pelo menos um dos terroristas responsáveis pelos quatro atentados de quinta-feira na capital britânica morreu nas explosões. Há fortes suspeitas de que os outros três terroristas também tenham morrido nos ataques. Documentos pertencentes a suspeitos teriam sido encontrados pelos investigadores nos locais dos atentados.
Mas, segundo Clarke, há "evidências muito claras" de que um dos terroristas morreu na estação Aldgate. Os técnicos teriam, além de outras provas, as impressões digitais dele.
A mídia londrina elogiou o desempenho da Scotland Yard que em apenas cinco dias conseguiu montar parte do quebra-cabeças, justificando a fama de uma das polícias mais bem-sucedidas do mundo.
"Será a maior, mais intensiva e mais seletiva investigação da história da polícia britânica", disse um assessor de Clarke. Ele acrescentou que participam da tarefa mais de 1.000 agentes. Os técnicos de criminalística colheram várias toneladas de material como destroços de vagões e do ônibus, além de um milhão de bilhetes do metrô para tirar impressões digitais e cartões de crédito.
Foram também ouvidas e avaliadas centenas de testemunhas. Mas segundo Clarke, foi por meio da análise de 2.500 fitas de vídeo das câmeras de TV instaladas nas estações e no interior das composições que se chegou à identidade da maior parte dos suspeitos. Entre eles figurariam, segundo The Times, dois jovens de Leeds mortos nas explosões: Hasiv Hussain, de 19 anos, e Shehzad Tanweer, de 22.
O telefonema da família de um desaparecido levou a um terceiro suspeito. O corpo e os documentos dele foram encontrados no ônibus destruído perto da estação King’s Cross. Ele foi incluído entre os suspeitos quando um técnico da Scotland Yard descobriu a imagem dele num dos vídeos analisados.
Segundo o chefe de operações antiterroristas da Scotland Yard todos os terroristas teriam chegado a Londres de trem, procedente provavelmente de Leeds – cidade com grande concentração de muçulmanos. Na capital, teriam se separado para cometer os atentados
Segundo o Times, a polícia trabalha agora na identificação do quarto terrorista. O diário londrino informou ainda que o MI6 (serviço secreto exterior) trabalha com uma pista paquistanesa. Alguns dos suspeitos identificados serão cidadãos britânicos de origem paquistanesa. Segundo ainda o Times, os explosivos usados são de origem militar, procedentes possivelmente da Croácia e da Bósnia. São do tipo Semtex, fabricado na antiga Checoslováquia, muito usado na década passada pelo IRA (Exército Republicano Irlandês).
Numa batida policial em Leeds, a polícia interditou as ruas Colwyn e Tempest do bairro de Beeston, onde moram alguns milhares de muçulmanos, retirou pelo menos 600 pessoas do local e invadiu cinco residências. Numa delas encontrou explosivos. Outras cinco casas foram revistas pela polícia em West Yorkshire perto de Londres. Nessas operações, 6 suspeitos de dar apoio logístico aos terroristas foram detidos – entre eles um parente de um dos supostos terroristas mortos nos ataques.
"Não podemos dar detalhes sobre essas investigações que, obviamente estão relacionadas com os ataques de quinta-feira", disse o chefe da Scotland Yard, Ian Blair.
Permanecem hospitalizados ainda 56 dos 700 feridos nos atentados que tiraram a vida de 52 pessoas. A Scotland Yard anunciou hoje a identificação de mais 11 corpos, entre os quais dois britânicos, Jamie Gordon, de 30 anos, e Philip Stuart Russell, de 28, e um americano, Michael Matsushita, de 37 anos. Quinze poloneses continuam desaparecidos, confirmaram as autoridades de Varsóvia.
O dia hoje em Londres só não foi absolutamente normal porque a cidade continua fortemente policiada. Além disso as forças de segurança encontraram pela manhã um automóvel carregado de explosivos em Luton, na zona norte da cidade. E, no fim da tarde decretaram estado de alerta no edifício da Câmara dos Comuns, mas depois de minucioso exame suspendeu a medida.