Insistimos tanto que moramos numa Curitiba de primeiro mundo, que muitas vezes nos assustam determinadas imagens da cidade. A propaganda criada por Jaime Lerner e seus sucessores nos tornou exigentes. Queremos sempre uma cidade perfeita. Tanto que me atrevo a comentar hoje um assunto que não é tão novo, mas que ao longo de várias gestões vem se repetindo e não é resolvido.

A poluição visual de determinadas ruas de Curitiba é um assombro. Só para citar algumas: Visconde de Guarapuava e 7 de Setembro. São duas das mais importantes vias de circulação da cidade. Entretanto, nenhuma delas recebeu, até hoje, um cuidado específico. Quem olha pelo alto, do viaduto Capanema ou da altura dele, pode observar um emaranhado de fios, postes, placas e toda a sorte de propaganda. Uma paisagem digna de Ciudad del Lest, no Paraguai, só para fazer uma comparação bem identificadora.

O motivo é que, a começar pela linha de luz aérea, com fios cortando as pistas já se oferece uma teia de aranha que encurta a distância e enfeia a paisagem. Depois, circulando a pé ou de carro, é difícil conseguir prestar atenção nos sinais de trânsito, tantos são os alertas publicitários, placas e mais placas de propaganda, outdoors espalhados por todos os cantos, fachadas de prédios pintadas e comerciais e mais comerciais sobrepondo uns aos outros.

Eu não sei se há levantamentos estatísticos, mas é bem provável que o índice de acidentes nestas ruas é muito maior que nas demais, exatamente pelo exagero de imagens que o motorista tem que prestar atenção, além do tradicional trânsito maluco, que cada vez mais se acentua em Curitiba.

Assim como se fez na Avenida Iguaçu, onde a Prefeitura realizou obras e despoluiu um pouco o trajeto, era preciso uma ação nas demais vias da cidade, limitando lojas, exigindo, na troca de alvarás, que providências sejam tomadas para melhorar o visual da rua. Uma nova sinalização de trânsito, mais “light” poderia ajudar, E um trabalho em conjunto com a Copel, para embutir no subsolo os fios de iluminação, diminuindo o número de postes que proliferam pela região, seria providencial.

Uma outra medida que pode ser tomada pela Prefeitura é quanto a manutenção de calçadas e terrenos baldios. Se existe lei para isso, por certo não há fiscalização ou as metas não estão sendo cumpridas. O desnível de nossas calçadas deve ser a alegria das clínicas de fraturas e ortopedia. Isso sem contar a falta de passeio e muro em terrenos baldios em pontos centrais. Muitos até com mato tomando conta de tudo e ainda sendo explorados por empresas de propaganda para abrigar outdoors. Ou seja: além de sujar a cidade, os terrenos servem de mocós para marginais, poluem o ambiente e o visual da cidade e ainda dão lucro para seus exploradores imobiliários.

Aqui falo apenas de ruas praticamente centrais de Curitiba, esquecendo os bairros, onde os problemas são ainda maiores.

Não tenho conhecimento de como é elaborado e cumprido o nosso Código de Posturas municipal, mas está na hora de um dos trinta e tantos vereadores da cidade começar a se preocupar. Até para ter um assunto mais importante do que apenas denominar ruas, logradouros e fazer média com famílias “ilustres” da nossa Capital de Primeiro Mundo. Bem estar público é matéria importante sim. Muito mais do aquilo que temos visto tramitando nos bastidores do nosso “parlamento” municipal.

Osni Gomes (osni@pron.com.br ) é editor em O Estado e escreve aos domingos neste espaço.

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