A comunidade católica de mais de um bilhão de fiéis chora a morte de seu grande pastor universal, o papa peregrino João Paulo II.
Depois de longo sofrimento, pela primeira vez na história do papado, acompanhado passo a passo em todo o mundo, graças ao avanço dos meios de comunicação e à decisão do próprio pontífice de não esconder o martírio, silencia a voz que nos últimos 26 anos soou desde o trono de Pedro.
O corpo embalsamado estará exposto no interior da Basílica de São Pedro, calculando-se que dois milhões de pessoas haverão de cruzar os portais da sé romana para prestar a última reverência ao papa morto.
A essa altura, dado que a Igreja não pára, todos os cardeais integrantes do chamado colégio apostólico dirigiram-se a Roma para acompanhar as exéquias de João Paulo e, depois, seguindo o ritual secular do conclave escolher o primeiro papa do terceiro milênio.
É impossível segurar as intensas especulações sobre quem será o escolhido. Afinal, cada cardeal encerrado na Casa de Santa Marta, espécie de hotel privativo dos chefes da Igreja, é candidato. Contudo, algumas tendências são evidentes. Fala-se dum homem egresso das regiões de pobreza extrema, como a África ou América Latina.
Por outro lado, é também enorme a expectativa pela eleição de um italiano, retomando a sólida tradição quebrada por Karol Wojtyla. Os especialistas não deixam de citar a notável influência do partido da cúria, força de predominância latente entre os cardeais, de atuação muitas vezes decisiva, segundo a história, na escolha do sucessor de Pedro.
O arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, dom Cláudio Hummes, sempre citado entre os papáveis, lembra que o novo papa deverá enfrentar os desafios da biotecnologia e da bioética, incrementando o diálogo com a ciência, além de cuidar da expansão católica em novas fronteiras.
Com a sabedoria tranqüila dos simples resumiu a essência de Roma: ?Não importa de onde ele venha, quem ele seja. Um novo papa é um novo tempo?.
