A manchete de O Estado neste domingo mostrou mais um pecado do governo estadual. Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), quase R$ 1,8 bilhão deixou de ser repassado pelo Executivo para a Saúde entre 2000 e 2005, motivo de quatro ações cíveis do MP-PR contra o governo. E, segundo estudos preliminares, tal situação deve ter se repetido em 2006.
Isto significaria que nos quatro anos do primeiro mandato do atual governador não houve o repasse do dinheiro correto para a saúde. O MP-PR informa que a pendência vem de antes, dos três últimos anos de mandato de Jaime Lerner. E por conta desta barbaridade, o Ministério Público pede até a intervenção federal no Estado.
O que surpreende (ou não) nesta história é o fato de o atual governo falhar em um ponto tão importante como a Saúde. Temos o triste costume de ver as cenas dos hospitais sem leitos, das filas para o atendimento nos pronto-socorros, da escassez de produtos básicos como seringas e curativos para os internados, dos médicos reclamando da falta de verbas, do salário baixo e do excesso de trabalho. Tudo diferente da propaganda oficial, que anuncia hospitais novos, médicos de sobra e atendimento de bom nível.
A publicidade governamental se esvai com estes números. A Emenda 29 (que é alvo de discussão agora no Congresso Nacional) prevê que União, estados e municípios apliquem 12% de seu orçamento em saúde. Como a emenda foi aprovada em 2000, nunca o Paraná cumpriu a lei.
E se Roberto Requião, o atual mandatário, sempre criticou seus antecessores por governarem para os ricos, por que não mudou esta realidade? Onde está o governador que adota os preceitos da Carta de Puebla? Como fica a ?opção preferencial pelos pobres?? Estes são os que mais sofrem, pois são os que não têm dinheiro para pagar por um plano de saúde. Quem está ao lado do poder está tranqüilo.
Mas quem sofre nos corredores dos hospitais-médicos, enfermeiros e pacientes – não é lembrado. E quando se pensa o quanto poderia ser feito pela Saúde do Estado com R$ 1,8 bilhão, a tristeza se transforma em indignação.