Últimas fichas

Sem descartar a aliança preferencial com o PFL, o PSDB também faz salamaleques na direção do PMDB, visando atrair o partido-ônibus para a coligação que deverá apoiar a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin à Presidência da República.

O próprio Alckmin envolveu-se pessoalmente no projeto, tendo iniciado a conversação com o deputado Michel Temer (SP), presidente nacional da legenda. A idéia da coligação com os tucanos não desperta, porém, o entusiasmo do partido, cada vez mais dividido, cuja ala governista trabalha com afinco para emplacar o candidato a vice-presidente na chapa de Lula, com integral aprovação do presidente.

No lado oposto surge o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que se deu ao desfrute de insinuar-se como pretendente à vice-presidência na coligação liderada pelo PSDB, caso não consiga viabilizar a candidatura presidencial.

Na condição de noiva cobiçada por mais de um pretendente, o PMDB diz por intermédio do presidente Michel Temer que, a despeito da reunião da cúpula partidária marcada para hoje, em Brasília, onde se começa a discutir o que fará o partido na eleição de outubro, decisão pra valer só na convenção nacional de junho.

Uma das vozes influentes do PMDB, o ex-presidente José Sarney, em autocrítica avassaladora, revelou que o partido dificilmente terá candidato próprio à Presidência, ?porque não preparou nenhum?.

Quanto ao oferecimento de Garotinho ao PSDB, mesmo não tendo legitimidade para falar ou agir em nome do partido, a crítica mais acerba partiu do prefeito César Maia: ?Só um otário acredita em Garotinho a essa altura do campeonato?.

É óbvia a reação do prefeito, porquanto seu partido colocou-se à disposição do governador Geraldo Alckmin desde o momento da indicação com uma penca de nomes para a escolha do candidato a vice. Ocupando a vice-presidência em ambos os mandatos de FHC, o PFL retirou-se da chapa tucana, em 2002, em represália à agressão sofrida por Roseana Sarney, segundo se garantiu na época, desfechada por instigação de José Serra, então patinando nas pesquisas. Agora faz questão de voltar.

Os analistas lembram que o PFL duvidava das possibilidades de Serra e, por isso, desertou. Agora, com o enfraquecimento de Lula, os neoliberais se dispõem a jogar as últimas fichas em Alckmin.

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