Engenheiros e médicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveram um software que ajuda a diagnosticar a tuberculose pulmonar, doença que mata seis mil brasileiros todo ano. Basta o paciente responder a perguntas sobre seu estado de saúde que o computador diz qual é a probabilidade de ele estar infectado.

O sistema de inteligência artificial analisa os sintomas apresentados, como tosse, sudorese, febre, anorexia e distúrbios de sono, além da idade e da presença de outras doenças, como a aids. Também informa se o doente se enquadra em algum grupo de risco. O resultado sai na hora. Em quatro anos, o programa já foi testado em 700 pessoas atendidas no hospital da UFRJ e acertou em mais de 85% das vezes.

O software pode ser muito útil para que a tuberculose seja descoberta rapidamente, já que os exames laboratoriais são problemáticos. O mais usado, a análise de secreção pulmonar, é impreciso – só dá certo em metade dos casos. O mais eficaz, o de cultura, leva um mês para ficar pronto. “Quanto mais cedo se detecta, mais cedo a pessoa é tratada e pára de infectar os outros”, diz o médico Afrânio Kritski, coordenador do programa acadêmico de tuberculose da UFRJ e um dos responsáveis pelo projeto.

Segundo ele, o despreparo dos médicos faz com que a doença seja confundida com bronquite ou pneumonia, o que retarda a cura, alcançada em 73% dos casos tratados. “Os currículos das faculdades de medicina não dão importância à tuberculose, porque acham que a doença não é mais problema”, afirma Kritski.

Pesquisa

Por ano, o Brasil tem 85 mil novas ocorrências da doença (está no grupo dos 22 países que concentram 80% do total verificado no mundo), o que levou o Ministério da Saúde a lançar, no mês passado, uma campanha publicitária para esclarecer a população sobre este mal. A maior parte dos casos acontece nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Financiada pelo departamento de ciência e tecnologia do ministério, a pesquisa que resultou no software consumiu o trabalho de especialistas de três unidades da UFRJ: a Escola Politécnica, a Coordenadoria de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) e o Instituto de Doenças do Tórax.

Os pesquisadores querem implementar o software em postos de saúde, a fim de melhorar a qualidade do atendimento prestado. Três unidades, duas na capital, próximas à UFRJ, e uma no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, deverão receber o equipamento com o programa no início do ano que vem. Os profissionais serão treinados. O intuito é que ele seja utilizado na rede pública em todo o País e que os pacientes sejam acompanhados, para que as informações a seu respeito sejam incluídas num banco de dados.

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