A adoção de cotas para negros na Universidade Federal do Paraná (UFPR) será decidida no primeiro semestre de 2003. Quem garante é a pró-reitora de Extensão e Cultura da universidade, Maria Tarcisa Béga.

?Iniciamos essa discussão mais seriamente em setembro e ainda vamos conversar com a comunidade acadêmica nos próximos meses, para, só então, tomarmos uma decisão.?

No começo deste ano, grupos de consciência negra, como a Associação Cultural de Negritude e Ação Popular, entregaram um documento à reitoria, onde pediam ao reitor da instituição, Carlos Moreira Júnior, a adoção das cotas. No entanto, segundo Béga, a discussão quanto a esse tipo de política já estava na pauta da instituição, seguindo recomendação do governo federal. ?É uma das orientações do Plano Nacional de Direitos Humanos?, explica.

Caso a UFPR adote as cotas, a questão não estará resolvida e, possivelmente, comecem a surgir os maiores impasses. Os critério para definir quem é negro e quem não é e o desempenho dos alunos aprovados pelas cotas são os dois principais pontos a serem definidos. ?É complicado falar em critério científico nessa classificação. Acho que a melhor opção é reservar ao candidato o direito de se assumir como afro-descendente?, diz Béga.

Entre os estudantes da instituição, o debate é visto com bons olhos. Mas os critérios para a adoção das cotas permanecem gerando polêmica. ?Em um país como o nosso, é difícil estabelecer um critério definitivo para afro-descendente?, explica o estudante de Ciências Sociais, Cezar Augusto de Silva. ?Eu me vejo mais como negro do que como branco. Eu teria direito a ter uma dessas vagas por cotas??, questiona o acadêmico de História, Felipe Araújo. Para ele, a adoção de costas para as camadas mais pobres seria mais justa. ?Aí sim a universidade se abre para os mais carentes, independentemente de ser branco, preto ou pardo.? Seu colega de curso, Rodrigo Duarte, teme que as cotas possam diminuir a qualidade do ensino. ?Será que esses aprovados vão conseguir seguir o nível da turma??, questiona.

A União Paranaense dos Estudantes (UPE) é favorável a adoção de cotas para estudantes negros, desde que novas vagas sejam abertas e sejam contratados mais professores. ?Se não teremos uma medida paliativa?, explica Mádson de Oliveira, presidente da UPE. Para ele, no entanto, uma verdadeira democratização do ensino passaria pela melhora do ensino público de primeiro e segundo graus.

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