A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) se prepara para a realização da 5ª edição do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná. As provas serão aplicadas de 7 a 9 deste mês, em Ponta Grossa, sob a coordenação da Comissão Permanente de Seleção (CPS) da UEPG, que integra a Comissão Universidade para os Índios (CUIA), instituída pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), responsável pelo projeto do concurso.
Os 136 candidatos inscritos vão concorrer a 23 vagas, ofertadas nas universidades estaduais paranaenses e na Universidade Federal do Paraná (UFPR), que aderiu ao projeto em 2005. Os índios de várias comunidades paranaenses e de outros estados permanecerão alojados no Campus Universitário de Uvaranas, local das provas.
O professor José Carlos Borsato, que representa a UEPG na CUIA, explica que as 18 vagas para as instituições públicas paranaenses estão divididas entre as universidades de Ponta Grossa (UEPG), Londrina (UEL), Maringá (UEM), Oeste (Unioeste), Centro-Oeste (Unicentro) e Jacarezinho (Unespar). Cada universidade oferta 3 vagas, independente de curso. ?A opção pelo curso ocorre após a aprovação do candidato?, diz o professor, observando que a cada ano, a comissão responsável pelo concurso vai adquirindo mais experiência no relacionamento com os índios.
?Antes o candidatos optavam por um determinado curso no momento da inscrição?, lembra Borsato ao comentar que essa experiência não surtiu os efeitos esperados. ?Depois de iniciar a graduação, o estudante indígena acabava percebendo que não tinha afinidade com a área escolhida?. A partir deste ano, depois de aprovados os candidatos deverão passar por testes vocacionais, para a escolha de um curso que preencha suas expectativas, de acordo com o seu perfil e habilidades pessoais. Na UEPG, esse trabalho será desenvolvido pelo Centro de Auxílio e Orientação ao Estudante (CAOE).
O concurso traz uma diferenciação entre as vagas disponibilizadas pelas universidades estaduais e a UFPR. As 18 vagas ofertadas pelas instituições mantidas pelo governo paranaense estão reservadas apenas para os índios que comprovarem residência em reservas localizadas no Estado, há pelo menos dois anos. Dos 136 inscritos, 72 concorrem às vagas das universidades estaduais, com uma proporção de 4 candidatos por vaga.
Já a Universidade Federal oferece 5 vagas, para índios de qualquer ponto do Brasil, com carta de recomendação da liderança da comunidade onde reside e da FUNAI (no caso de candidato residente em área urbana, apenas o documento da FUNAI). Com 64 inscrições, as provas para a Federal terão uma concorrência aproximada de 13 candidatos por vaga.
Todos os candidatos permanecerão alojados no Ginásio de Esportes e no Pavilhão do curso de Educação Física, no Campus Universitário de Uvaranas. As refeições serão servidas no Restaurante do Colégio Agrícola Augusto Ribas. Borsato prevê que a UEPG receba neste período aproximadamente 220 pessoas, já que os índios têm o hábito de viajar com a família. ?Estamos pensando em todos os detalhes, para que esse concurso seja um sucesso?, diz o coordenador do vestibular.
Provas
As provas do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná 2006 iniciam na próxima segunda-feira (7/2), com as questões de Língua Portuguesa, respondidas de formal oral, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas, na Central de Salas de Aulas, no Campus Universitário de Uvaranas. No segundo dia (8/2), das 14 às 18 horas, os candidatos farão as provas de Língua Portuguesa ? Redação, Língua Portuguesa, História e Língua Estrangeira Moderna (inglês ou espanhol) ou Língua Indígena (Guarani e Kaigang). Na quarta-feira (9/2), das 14 às 18 horas, serão aplicadas as provas de Biologia, Física, Geografia, Química e Matemática.
No segundo e terceiro dias as provas são objetivas, com divulgação dos gabaritos no dia seguinte, às 10 horas. Na prova oral, os candidatos deverão ler um texto e, a seguir, fazer um breve resumo com a devida interpretação do que foi lido. ?Esta é a fase para ser avaliada?, diz o professor Borsato, observando será avaliada a capacidade de comentar os temas propostos no texto de maneira coerente; e a capacidade argumentativa e opinativa do candidato em relação ao tema. Na prova de redação, será proposto um tema, para se avaliar a capacidade de expressão do candidato, na forma padrão da Língua Portuguesa.
