A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) acaba de depositar seu primeiro pedido de patente internacional. O documento foi protocolado em 4 de novembro, via PCT (Patent Cooperatinon Treaty), na Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO), em Genebra (Suíça), pela Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi), órgão responsável pela gestão da política de inovação e dos processos relativos à proteção de direitos de propriedade intelectual da instituição.
No último dia 10/11, o reitor João Carlos Gomes recebeu os pesquisadores André Luiz Moreira de Carvalho (Departamento de Engenharia de Materiais) e Nádia Khaled Zurba (bolsista pós-doc da Capes), juntamente como diretor da Agipi, João Irineu Resende de Miranda (em 10/11), destacando a importância deste fato para o desenvolvimento da pesquisa na UEPG, hoje fortalecida por políticas institucionais de modernização de infraestrutura, valorização dos pesquisadores e incentivo à inovação tecnológica. “Nossa preocupação, neste momento é dar respaldo aos pesquisadores”.
Os pesquisadores da UEPG desenvolveram um produto com base no grafeno (material 100 vezes mais resistente que o aço), que poderá produzir impacto nos setores de transporte de energia, produção e utilização de equipamentos no campo do petróleo, em sistemas risers (dutos) submarinos (offshore) de águas ultraprofundas (superior a 1.500 m) ou sistemas terrestres (onshore).
“Essa tecnologia poderá ser utilizada, por exemplo, na exploração do pré-sal”, comenta o professor André Luiz, referindo-se à utilização do grafeno na composição de aços microfilados, tipicamente usados na indústria petrolífera.
“Com isso, poderia se reduzir significativamente o risco de acidentes com vazamento de óleo, devido à ruptura de dutos”. O produto também possui aplicabilidade direta nas indústrias siderúrgica, metalúrgica, de gás e biocombustíveis, e estendido a outros sistemas construtivos, com uso médico, biomédico e hospitalar.
“É uma tecnologia de ponta, inovadora e com muito potencial”, afirma Nádia Khaled, lembrando que experimentos com o grafeno, material desenvolvido em laboratório em 2004, renderam o prêmio Nobel de Física aos pesquisadores russos André Geim e Konstantin Novoslevov, no ano passado. “Hoje o grafeno está sendo investigado no mundo todo, em várias frentes de aplicação”.
O material não só é o mais fino já obtido (apenas um átomo de espessura), mas também o mais resistente (mais que diamante, inclusive), condutor de eletricidade, tão bom quanto o cobre, e propagador de calor melhor do que qualquer outro material.
A exploração de suas propriedades permite uma ampla variedade de aplicações, como a obtenção de novos materiais (a exemplo da pesquisa desenvolvida na UEPG) e a produção de componentes eletrônicos inovadores.
Os pesquisadores revelam que a investigação envolveu a adição de nanofolhas de grafeno na composição de aços utilizados na indústria do petróleo. Segundo eles, o que diferencia os novos tubos, dutos ou risers de aço à base de grafeno, em relação aos que existem no mercado, são as especificidades de geometria, composição química, microestrutura e propriedades mecânicas que possibilitam a sua utilização para o transporte de petróleo, gás e biocombustíveis.
Esta solução técnica visa melhorar a integridade estrutural dos dutos e sistemas risers, de modo que, quando produzidos de acordo com o exclusivo método de fabricação patenteado, possam apresentar qualidades superiores, comparados com aqueles sem grafeno.
“Os primeiros resultados experimentais de preparação e caracterização dos novos aços à base de grafeno, realizados no Laboratório Multiusuário (LabMu) da U,EPG, demonstraram ser muito promissores e já estão sendo encaminhados para publicação científica”.
O diretor da Agipi, João Irineu Resende de Miranda (professor do Departamento de Direito das Relações Sociais), explica que o pedido de patente visa à proteção da invenção, contra o uso indevido por terceiros ou contrafação (produção em autorização de que detém a propriedade intelectual) por parte de concorrentes, no âmbito nacional ou internacional.
“No caso da pesquisa desenvolvida na UEPG este cuidado é redobrado, uma vez ela se insere no setor energético, cuja cadeia produtiva brasileira é uma das que mais investe em inovação”.
O depósito de pedido de patente, registrado no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), em julho, no Brasil, e internacionalmente via PCT, na Suíça, resguarda a propriedade intelectual da pesquisa.
De acordo com os trâmites da entidade suíça, o resultado do pedido de patente poderá sair dentro de quatro meses, após ser realizada uma busca para se averiguar a existência de estudos ou produtos semelhantes em todo o mundo.
Segundo o professor João Irineu, a partir de um resultado positivo, abrem-se excelentes perspectivas de inserção desse produto na Europa, Japão, China e, principalmente, nos Estados Unidos, o mercado de maior peso no contexto mundial.
“Com o registro de patentes, pode-se licenciar os direitos para empresas estrangeiras”, completa, o diretor de Agipi, enfatizando que se trata de uma pesquisa de fato inovadora, com grande potencial de mercado.
As informações são da Assessoria de Imprensa da UEPG.