A União Européia (UE) parece ter dois bons motivos para se empenhar na conclusão de um acordo comercial com o Mercosul: o avanço da China no mercado global e a perspectiva de que a Rodada Doha não vai prosperar.
Fontes diplomáticas em Bruxelas falam em um entendimento ainda no primeiro semestre do próximo ano e são categóricas em afirmar que agora é a hora de o Mercosul tomar uma decisão. Caso contrário, o bloco do Cone Sul pode ser trocado por outros parceiros comerciais que também interessam aos europeus. Para as autoridades da UE, o papel do Brasil, como maior economia da região, é fundamental na busca de um consenso dentro do bloco para que um acordo seja alcançado o mais rapidamente possível.
As declarações comerciais oficiais e não-oficiais vão para direções opostas. Para jornalistas brasileiros, em Bruxelas, o vice-diretor para o Comércio da UE, Karl-Friedrich Falkenberg, disse que as negociações não têm data para ser concluídas. ‘Não estamos trabalhando com prazos. Isso não funcionou antes, não acreditamos que funcionará agora. Estamos tentando reconstruir uma relação de confiança com tempo e calma’, observou.
Ao ser perguntado se a China era uma ameaça para a UE, Falkenberg respondeu que o país asiático era ‘um parceiro difícil’. ‘A China é competitiva e também um parceiro muito importante, queremos trabalhar juntos, mas há alguns riscos, por exemplo, na questão da propriedade intelectual. Percebemos ainda uma falta de comprometimento com as regras do comércio mundial.