Rio – O setor de telecomunicações na área de satélites está movimentado. De um lado, novos serviços como a TV digital e a IPTV (televisão transmitida pelo protocolo de Internet – IP) já começam a gerar negócios para as empresas de satélite, por enquanto como testes que estão sendo feitos para emissoras de televisão e operadoras de telefonia. De outro, a compra da PanAmSat (4ª no ranking mundial) pela Intelsat, que passará a ser a primeira no mundo se o negócio de US$ 3,2 bilhões for autorizado por autoridades de defesa da concorrência internacionais, terá reflexos no Brasil.
A aquisição da Intelsat deixará a empresa com mais de 50% do mercado brasileiro, que hoje tem 11 operadoras de satélite. Isso cria temores em concorrentes como a Hispamar, joint venture da espanhola Hispasat com a operadora brasileira Telemar. "Tenho receio de que, com a PanAmSat, a Intelsat venha a fazer algum tipo de dumping", disse o diretor presidente da Hispamar, Eduardo Aspesi. Proibido por lei, o dumping é uma prática de concorrência desleal.
A Intelsat, por sua vez, está no início do processo de comercialização no Brasil do satélite Intelsat Américas-8 (IA-8) e nega que fará dumping. "O dumping não interessa a ninguém, não atrai investidor", disse Almeida à Agência Estado. "Com a PanAmSat, a Intelsat continuará buscando remuneração justa de seus clientes. Não vai mudar sua política de preços", afirmou o diretor regional da Intelsat no Brasil, Manoel de Almeida. "Acho que o que preocupa mais a concorrência é que teremos um leque de produtos bem diversificados para oferecer ao cliente – empadinha camarão ao catupiry e aipim frito, o que ele quiser", disse Almeida, com uma metáfora gastronômica.
Ele relativiza o excesso de oferta que há no mercado de satélites e que fez os preços médios no mercado mundial caírem nos últimos anos. "Sempre discordei de quem diz que satélite é commodity, este mercado é de oferta qualificada para dada aplicação", disse Almeida. Isso vale também para os novos serviços que poderão ser transmitidos por satélite como a TV digital e a IPTV. "A TV digital precisa de mais banda, de mais satélite, que a transmissão analógica, a atual", disse Almeida.
As operadoras de telefonia são as maiores clientes das de satélite. A tecnologia espacial é vista como útil especialmente para localidades onde as fibras óticas não chegam como a maior parte do Centro Oeste e a quase totalidade do Norte do Brasil, incluindo Manaus, a capital brasileira de maior crescimento econômico nos últimos anos.
