Os turcos exigiram hoje que o papa Bento XVI retrate-se dos comentários feitos na semana passada sobre o Islã antes de visitar o país de maioria muçulmana em novembro. "Peça desculpas ou não venha", dizia uma faixa empunhada por manifestantes de um sindicato de trabalhadores religiosos em Ancara durante protesto realizado hoje.
Mensagens como essa refletem o sentimento dos muçulmanos de que a lamentação divulgada pelo papa no domingo não foi suficiente para aplacar a revolta causada pelas declarações do pontífice. Os manifestantes teriam pedido ao Ministério da Justiça que detenha o papa quando ele desembarcar na Turquia e seja julgado por insulto ao Islã e por disseminar o ódio religioso.
Em uma coluna publicada hoje, o editor-chefe do jornal The New Anatolian, Ilnur Cevik, escreveu que o papa precisa se aproximar dos muçulmanos antes de visitar a Turquia. A viagem está prevista para ocorrer entre 28 de novembro e 1º de dezembro. "Queremos que essa visita se concretize, mas como? Como poderia o papa se retratar e convencer as massas religiosamente sensíveis da Turquia de que não é um inimigo do Islã e quer forjar uma atmosfera de coexistência?", questionou Cevik.
"Esse será um trabalho árduo que o pontífice terá de empreender. Se ele não o fizer, será muito difícil esperar uma recepção calorosa por parte do povo turco", prosseguiu. A crise começou por causa de um discurso pronunciado na semana passada por Bento XVI durante visita a sua terra natal, Baviera, na Alemanha. Ele citou um imperador bizantino que disse que Maomé "só trouxe coisas más e desumanas, como defender com a espada a fé que pratica".