Moscou – O governo avisou ao G-8 (grupo dos oito países mais poderosos do mundo) que as turbulências econômicas ocorridas durante a campanha eleitoral de 2002 não se repetirão em 2006. Falando para os ministros das Finanças do grupo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, garantiu que as perspectivas para este ano são "muito boas" e que as expectativas são de um crescimento vigoroso. "O cenário de 2006 está parecido ao de 2004. A inflação está baixa, o risco está abaixo de 230 pontos, a taxa de juros está em queda, continuamos gerando 100 mil empregos por mês e a renda está crescendo. Esse é um cenário de bom crescimento", disse a jornalistas após deixar o encontro.
A avaliação de Palocci não é a mesma das Organizações das Nações Unidas (ONU), que aponta que Brasil e México serão os países que menos crescerão na América Latina em 2006, comprometendo a média de expansão de toda a região.
Sobre o Brasil, os economistas da ONU estimam que a economia tenha um crescimento de cerca de 3%, o menor entre as principais economias emergentes do mundo. Segundo os cálculos da organização, o Brasil cresceu 2,5% em 2005 e a diferença para este ano, portanto, seria pequena.
Ainda de acordo com a avaliação da ONU, com juros altos, crescimento relativamente baixo e inflação dentro da meta, o Brasil teria espaço para adotar uma política macroeconômica menos rígida.
Falando para os demais ministros das Finanças do G-8 durante um café da manhã, Palocci apresentou os números da economia brasileira. "Somos cada vez mais uma economia aberta", afirmou o ministro, lembrando que a corrente de comércio é 78% maior que há três anos.
Quanto às taxas de juros no Estados Unidos, Palocci garante que não teme que um aumento nos próximos meses tenha conseqüências para a economia brasileira. "Quando o Fed (o banco central americano)afirmou que aumentaria as taxas há dois anos, houve um turbulência na América Latina. Depois disso, quando se estabeleceu o patamar de aumento nos Estados Unidos, o risco dos países latino-americanos começou a cair. Mesmo com aumento de juros por nove meses, o risco continua caindo na América Latina " Segundo Palocci, isso mostra que não há problema para países emergentes com o aumento de juros nos Estados Unidos.
Em um dos temas principais da reunião, a segurança energética, Palocci insistiu que o Brasil pode ocupar um espaço importante fornecendo tecnologia e combustível alternativo com o etanol.
Apesar dos esforços de Palocci em vender a idéia, o produto não foi incluído no comunicado final preparado pelo G-8.
Falando aos jornalistas, o ministro lembrou ainda que o etanol nunca foi prioridade das empresas de petróleo que "sempre viram o produto como uma ameaça". Mas alertou: "Nós vamos continuar ameaçando."
