A volatilidade do mercado financeiro, provocada pelas incertezas com os juros americanos, acabou forçando uma nova queda, em maio da dívida interna em títulos do governo federal. Depois de ter ultrapassado a marca histórica de R$ 1 trilhão em fevereiro e se mantido acima desse nível até abril, a dívida caiu no mês passado para R$ 999,10 bilhões. Isso ocorreu porque, com o nervosismo e o aumento da aversão dos investidores a operações de maior risco, o Tesouro Nacional não conseguiu emitir títulos em volume superior ao dos papéis que venceram no mês passado.

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Os resgates superaram em R$ 17,4 bilhões as novas emissões de títulos, o que levou a uma redução do estoque da dívida. Enquanto o Tesouro vendeu R$ 19,2 bilhões em novos títulos, foram retirados do mercado papéis no valor de R$ 36,4 bilhões com vencimento em maio. O Tesouro deixou até de fazer o último leilão semanal de venda de títulos programado para o fim do mês e, para honrar os compromissos, acabou usando o "colchão de liquidez", a reserva financeira que mantém para situações como essa.

Para acalmar o mercado, o Tesouro fez ainda três leilões de compra e venda simultânea de NTN-B (títulos corrigidos pelo IPCA). Por causa das turbulências, as taxas desses papéis (que têm prazo mais longo e são um dos preferidos pelos investidores estrangeiros) subiram fortemente em maio, deixando o mercado sem referência de preço e com poucos negócios.

"Quando a dívida subiu para R$ 1 trilhão, foi manchete dos jornais. Agora que o estoque caiu para R$ 999 bilhões deveria ser manchete também", disse o coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Ronnie Tavares. Ele não descartou a possibilidade de novas atuações do Tesouro, já que o mercado continua nervoso. Mas disse que a volatilidade atual "ainda não é suficiente" para o Tesouro voltar a atuar.

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Segundo Tavares, cálculos conservadores indicaram que o Tesouro acabou tendo um ganho de R$ 8 milhões com os três leilões de NTN-B. Se o governo não tivesse feito os leilões, disse, as taxas dos papéis continuariam subindo fortemente, sem liquidez nenhuma, distorcendo a curva de juros, e o Tesouro teria dificuldades para vender os seus papéis.

Tavares negou que as três operações tenham sido dirigidas aos investidores estrangeiros, grandes compradores desses papéis nos últimos meses, depois da isenção do Imposto de Renda concedida ao capital externo para aplicações em títulos públicos. "Não foi uma estratégia para o investidor estrangeiro, mas para o mercado secundário de títulos.

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Além da redução do estoque, a decisão do Tesouro de não ofertar títulos corrigidos pela Selic (as LFTs) em maio e o grande vencimento desses papéis (R$ 27,5 bilhões) ajudaram a melhorar o perfil da dívida. Corrigida pela Selic, a dívida caiu de 46,12% para 44,07% (menor nível da série histórica). Esse total inclui as operações de swap, em que o governo troca papéis vinculados a juros por outros indexados ao câmbio. As informações são de O Estado de S. Paulo.