Turbulência pode durar vários dias, prevê Fraga

A queda de 9% no mercado acionário chinês, que derrubou os mercados financeiros em todo o mundo ontem, já vinha sendo antecipada por diversos analistas, preocupados com a bolha na Bolsa da China, que valorizou mais de 130% em 2006. Por enquanto quase ninguém vê risco imediato de conseqüências mais sérias para a economia chinesa, que colocaria um fim ao prodigioso crescimento médio anual de 9% ao longo dos últimos anos.

Armínio Fraga, gestor da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central (BC), diz que o movimento de ontem foi basicamente uma reação à valorização excessiva da bolsa chinesa. ?Não tem nenhuma novidade na economia mundial, e a sensação ainda é a de que estamos caminhando para um pouso (desaceleração) suave.? Mas Fraga ressalva que, devido a fatores técnicos, como a complexa interação dos mercados por meio de derivativos (instrumentos financeiros sofisticados), a turbulência pode durar dias.

Ele observa ainda que os indicadores financeiros têm emitido sinais contraditórios. Ontem, nos Estados Unidos, houve boas notícias em termos de confiança do consumidor e vendas de imóveis, e más notícias nos bens duráveis. ?Tem notícia para tudo que é gosto, e o que mudou ontem foi o gosto?, disse Fraga.

Para os mais pessimistas, porém, o susto de terça-feira, que pulverizou US$ 100 bilhões apenas no mercado chinês, é mais um sinal de que a luz amarela foi acesa para a exuberante economia global. Vindo logo depois do alerta de Alan Greenspan, o mítico ex-presidente do Fed (o banco central americano), sobre a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, o mini-crash é um sinal de que a volatilidade não morreu e que os grandes desequilíbrios mundiais ainda podem terminar mal.

A bolha acionária chinesa é conseqüência da fartíssima liquidez mundial, que está provocando recordes atrás de recordes no circuito internacional das bolsas, especialmente dos países emergentes. As autoridades chinesas estão muito preocupadas com a disparada da bolsas, e a queda de ontem é, de certa forma, conseqüência direta de ações do governo.

Na segunda-feira, o Banco do Povo da China elevou, pela quinta vez em oito meses, os depósitos compulsórios dos bancos, numa tentativa de drenar a liquidez.

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