O deputado estadual Vaz de Lima (PSDB), um dos favoritos na disputa pela presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo, é citado em gravações feitas pela Polícia Federal como facilitador do esquema de corrupção da Máfia dos Frigoríficos, que em cinco anos deu prejuízo de mais de R$ 1 bilhão com a sonegação de impostos.
Fiscal de rendas licenciado, Vaz de Lima é citado por um dos líderes da máfia, Valder Antônio Alves, o Macaúba, como o homem que facilitaria o esquema para a quadrilha atuar na região de Araçatuba (SP), para onde a máfia pretendia se expandir. Num diálogo ocorrido em 2 de agosto com uma pessoa chamada Valéria, funcionária de um frigorífico envolvido no esquema, Macaúba pede à moça para lhe passar os nomes do delegado e do inspetor da delegacia de Araçatuba para depois serem abordados pelo deputado. "Você quer o nome do delegado e do inspetor?", pergunta Valéria. "É, o nome dos dois, que aí eu faço o deputado Vaz de Lima ligar lá e deixar tudo pronto", responde Macaúba
Macaúba era líder de uma das células da quadrilha. Ele era responsável pela geração de créditos de ICMS fictícios vendidos a terceiro e principalmente pela emissão e venda de notas fiscais frias aos frigoríficos. Essa célula era formada, segundo a PF, por fiscais da Secretaria da Fazenda e da Receita Federal envolvidos no esquema. Uma das empresas de Macaúba, a Norte Riopretense Distribuidora Ltda, de São José do Rio Preto, emitiu mais de R$ 170 milhões em notas frias sem recolher um centavo em tributo
Em outro diálogo, ocorrido dias antes, Macaúba havia alertado o dono do frigorífico que era mais fácil atuar na delegacia de São José do Rio Preto, reduto eleitoral de Vaz de Lima, onde a máfia contava com ajuda de supostos fiscais corruptos
O braço da máfia naquela delegacia seria Dorival Pedro Bellini, fiscal de renda aposentado, que fazia a ponte entre empresários e supostos fiscais corruptos. Bellini, que chegou a ser preso e responde em liberdade, foi um dos coordenadores da campanha de Vaz de Lima à reeleição. Os diálogos estão num inquérito que corre em sigilo no fórum da Justiça Federal de Jales (SP).
