Wilson Dias/ABr
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adiou para terça-feira o julgamento das contas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manteve para dia 14 sua diplomação. O julgamento estava marcado para ontem, mas a equipe técnica do tribunal detectou irregularidades na prestação de contas e recomendou sua rejeição. O relator, José Gerardo Grossi, pediu explicações e o PT deve apresentar uma retificação ainda hoje, mas, segundo os advogados do próprio partido, já se sabe que os técnicos manterão a posição pela rejeição.

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Para tomar posse no novo mandato, Lula tem de ser diplomado, e antes disso o tribunal tem de julgar as contas de sua campanha. O presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, acha que não há posse se as contas não forem aprovadas. "A aprovação das contas é condição sine qua non para se chegar à cadeira no próximo mandato. Como se exige a manifestação positiva relativa às contas para chegar-se à diplomação, não há a diplomação.

Mas há juristas que têm outra avaliação: acham que cabe recurso contra uma eventual rejeição das contas e, portanto, o candidato pode tomar posse e exercer o mandato normalmente até o julgamento. Indagado sobre o que ocorrerá se o presidente não puder assumir em 1º de janeiro, Marco Aurélio disse que o posto será ocupado pelos substitutos previstos na legislação. "Teremos a convocação para atuar durante esse período do presidente da Câmara e sucessivamente do presidente do Senado e do Supremo.

Entre os problemas identificados pelos técnicos estariam doações de cerca de R$ 10 milhões, feitas por concessionárias de serviço público, o que, segundo os técnicos, seria proibido pela legislação – essa questão só vai ser dirimida com o julgamento dos ministros do TSE. Uma das empresas é a construtora OAS, que doou R$ 1,7 milhão para a campanha. Segundo os técnicos do TSE, no site da empresa na internet consta a existência de uma concessão da via urbana Linha Amarela. Foi também ressaltada pelos técnicos do TSE a existência de gastos não identificados num total de R$ 10,19 milhões.

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Ontem, Lula declarou desconhecer os problemas no exame de suas contas de campanha: "Eu não estou sabendo. Você está fazendo uma pergunta que eu não posso responder.

O advogado do PT, Márcio Luiz Silva, argumentou que não há irregularidade nas doações porque, em todos os casos, o dinheiro veio de empresas controladoras ou apenas com participação acionária nas empresas contratadas pelo setor público e não diretamente destas últimas. "Trata-se de uma divergência na interpretação. Além disso, no nosso entendimento, é preciso verificar a relevância, nos resultados da controladora ou acionista, dos recursos recebidos pela concessionária contratada pelo setor público.

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Segundo Márcio, as contas do candidato tucano, Geraldo Alckmin, que ainda não foram examinadas pelo TSE, também apresentam doações recebidas por controladoras de concessionárias e seriam igualmente passíveis de questionamentos.

Embora tenha prazo até amanhã à noite, Márcio afirmou que entregará a prestação de contas retificadora hoje, para apressar o reexame pela equipe técnica, pelo procurador-geral eleitoral, Antonio Fernando de Souza, e por Grossi. A previsão era a de que a equipe do PT encarregada de preparar a documentação viraria a noite trabalhando. O grupo está instalado numa sala oferecida pelo TSE no seu próprio prédio.