A análise do cilindro de voz da caixa-preta do Boeing da Gol mostra que os pilotos brasileiros ouviram parte dos chamados feitos pelo centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1) ao jato Legacy em 29 de setembro. Durante alguns minutos, o comandante Décio Chaves Júnior sintonizou seu rádio na mesma freqüência usada pelos controladores da capital federal, sem imaginar que o jato também voava a 37 mil pés, em rota de colisão com o Boeing. Para os militares, essa é uma prova inequívoca de que não há um ‘ponto cego’ de comunicações na região do acidente.
A tese de oficiais da Aeronáutica ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo é de que, se o Boeing, mais distante do Cindacta-1 do que o Legacy, conseguiu copiar o chamado, é quase impossível que a falta de contato tenha sido motivada por pane nos equipamentos em terra. "Esta história de ‘buraco negro’ não existe. Só serve para ajudar na defesa dos pilotos americanos (do Legacy)", disse um militar. Na avaliação de técnicos do Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), porém, a descoberta pouco acrescenta às investigações sobre a colisão, que deixou 154 mortos.