Mais um capítulo da longa novela sobre o sistema tributário acaba de ser escrito. Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), prestigiada instituição dedicada à pesquisa de temas econômicos, históricos e sociais, assinala que empresários brasileiros têm maior preocupação com os tributos do que com as altas taxas de juro do mercado.
A FGV constatou que os impostos pesam mais que os juros nas contas finais das empresas, e este é um dado merecedor de profunda análise pelas inevitáveis conseqüências sobre o ritmo da produção, do emprego e da renda. Alguma coisa deve estar errada e necessita, com urgência, ser corrigida. A reforma tributária seria o mecanismo adequado para rever o drama da maior carga tributária do mundo, a nossa.
Mais da metade dos 1.020 empresários ouvidos pela FGV (58%) afirmou que a carga tributária é o principal entrave ao crescimento sustentado. Os setores mais agravados são os de material de transporte, vestuário, calçados, material elétrico e de comunicações. Uma das saídas do empresário é repassar a carga para o preço dos produtos, efeito redutor das compras pelos consumidores.
Numa perspectiva diversa, mas não menos importante, o segmento da indústria de bens intermediários, como metalurgia, química, celulose, papel e papelão, tem os juros altos como calcanhar-de-aquiles.
O quadro desenhado pela pesquisa é explícito ao revelar os dois maiores entraves enfrentados pelos homens de empresa: tributos e juros estratosféricos. Na esteira dessa realidade, encontra-se igualmente a causa obrigatória da elevação contínua dos preços dos produtos de consumo básico, como alimentos, remédios e roupas.
A grita dos empresários e órgãos representativos da sociedade contra a Medida Provisória 232, a última tentativa de empalmar mais dinheiro do contribuinte, encurralou o governo nas cordas.