O Tribunal de Justiça da Bahia confirmou hoje (6) a condenação da Igreja Universal do Reino de Deus por ofensas à mãe-de-santo Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda estipulando para seus familiares uma indenização de R$ 960 mil, valor menor que a condenação anterior, de primeira instância, que foi de R$ 1,3 milhão. A decisão se refere a um recurso impetrado pelos advogados da Igreja Universal contra a primeira decisão da justiça. O processo teve como julgadores, na 4ª Câmara Cível, os desembargadores Juarez Santana, relator, Paulo Furtado, revisor e João Pinheiro, terceiro julgador.
Em 2000 a jornal "Folha Universal", da Igreja Universal, estampou uma foto de Mãe Gilda, ‘pirateada’ da Revista Veja, com a manchete "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes". O episódio, aliado a agressões de evangélicos que chegaram a invadir o terreiro da ialorixá, agravaram a doença cardíaca de Mãe Gilda que acabou morrendo vítima de um enfarte.
A filha da mãe-de-santo, Jaciara Santos, que iniciou a ação de indenização em 2001, classificou o resultado como uma vitória "não pelo valor da indenização, mas, porque, independentemente das crenças, as pessoas devem ter amor no coração e não falar mal desta ou daquela religião".
O advogado Carlos Oliveira que representa a família da Mãe Gilda, admite que o caso ainda não foi encerrado pois a Igreja Universal ainda pode recorrer, mas comemorou o resultado que significa para ele que o Judiciário baiano "não compactua com a discriminação, seja ela qual for", disse.
Em maio, um grupo de 50 mães, pais e filhos-de-santo, representando 40 terreiros de candomblé da capital baiana, protestou em frente ao Tribunal de Justiça contra a morosidade do julgamento do caso.
O desembargador Juarez Santana recebeu uma comissão e garantiu que o resultado sairia até o início do segundo semestre o que efetivamente ocorreu.