Uma semana produtiva quase que 24h por dia. Assim podemos definir o que os cerca de 40 jornalistas e fotógrafos de várias partes do país, entre eles este que vos escreve representando a Tribuna do Paraná, tiveram no Rio de Janeiro. O treinamento, promovido pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), do Exército Brasileiro (EB), mais que ensinou o que foi proposto. Os profissionais voltaram para a casa com uma lição que pode resumir tudo: espírito de equipe.
Entre a teoria e a prática, foram pouco mais de 50 horas de aulas. Nomes como Ari Peixoto e Rodrigo Pimentel passaram seus conhecimentos aos profissionais. Além disso, a parte teórica também teve um conteúdo importante dedicado pela promotora de Justiça Militar Najla Palma, que esclareceu pontos importantes.
Do cansaço ao possível limite físico, muita gente conseguiu identificar seus próprios pontos (fortes e fracos). Este curso, que não é aberto a todos os profissionais de comunicação, fez com que o contato entre os militares e jornalistas aumentasse. O convite para que participássemos dessa veio no começo do ano, ao fazermos uma matéria sobre fiscalização de explosivos, há algumas semanas.
De tiros a sequestro
Do primeiro ao último dia de treinamento, tudo foi muito intenso. Na segunda-feira (19), as aulas foram com militares especialistas e também com o jornalista Ari Peixoto, da Rede Globo, que também já fez o curso. A terça-feira (20) foi na prática: todos foram levados a um espaço, que simulou um verdadeiro confronto entre militares e rebeldes. Depois do tiroteio da manhã, o período da tarde foi de palestras e ainda mais ensinamentos sobre como se comportar até mesmo em manifestações.
Na quarta-feira (21), os profissionais tiveram aulas quase que em sua totalidade práticas. Numa ocasião de cobertura jornalistica em guerra, se faz necessário até mesmo saber primeiros socorros (não só para salvar a si mesmo, mas também a qualquer outra pessoa que possa precisar). Por isso, todos foram levados ao Quartel do Corpo de Bombeiros onde aprenderam dicas importantes.
Prática pesada
Muito cedo. Assim começou a quinta-feira (22). Já sabendo que voltariam ao alojamento só na madrugada de sexta-feira (23), os comunicadores precisaram se equipar com coletes à prova de balas, capacete e até uma muda de roupa a mais. A primeira metade do dia foi destinada a aprender dicas sobre campos minados e o uso correto da máscara de gás.
Depois do almoço, uma marmita preparada pelo próprio EB, o começo da tarde foi de demonstração de armas pesadas e tiros. Sem muito tempo a perder, os profissionais da imprensa brasileira receberam um kit de ração, a comida usada pelos militares em missões, e depois de aprenderem a como preparar, se alimentaram.
A noite foi a vez de colocarem em prática tudo o que aprenderam durante o resto do dia e da semana. Os jornalistas puderam ter a verdadeira percepção da tensão vivida por quem cobre uma guerra e também sentiram, em alguns momentos, na pele o que sentem os militares.
A simulação, muito parecida com uma situação real, nos fez agir e pensar. De atendimento a primeiros socorros a entrevista e uma surpresa que tem no meio do caminho, rolou de tudo. Algumas partes, claro, não podem ser reveladas para não estragar a emoção promovida pelo curso do CCOPAB.
O último dia de curso, sexta-feira (23), foi destinado a uma palestra com Rodrigo Pimentel, ex-capitão da Polícia Militar (PM), que já trabalhou na Rede Globo do RJ e participou da criação dos filmes da série Tropa de Elite. Pimentel trouxe para discussão alguns acidentes que aconteceram com jornalistas como a morte de Tim Lopes e do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Band, durante a cobertura de um protesto no Rio de Janeiro em 2014.
Alojamento BBB
Durante todo o período de treinamento, os profissionais ficaram hospedados num alojamento oferecido pelo próprio Exército Brasileiro. Sala, TV, computadores, banheiro e cama. Mulheres de um lado, homens do outro e um verdadeiro Big Brother se formou na “casa do EB”. O alojamento mais parecia com um acampamento para uma cobertura jornalística.
Em alguns momentos (se não em todos), os profissionais pareciam estar no centro das atenções, mas o clima, de modo geral, foi de muita interação.
Assim como em qualquer situação de trabalho, em alguns momentos pareciam estar dentro de uma redação. Embora o cansaço e a tensão, houve muita troca de conhecimento e o que se aprendeu nesta semana intensa, certamente vai ser levado para a vida toda.
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