A megaoperação do lobby rural – dois mil tratores foram levados a Brasília – deve ter causado alguma impressão no presidente Lula, que recebeu uma comissão de produtores endividados que foram pedir socorro ao governo federal. Eles devem ao Banco do Brasil, em valores repactuados desde 1995, a bagatela de R$ 12,6 bilhões.
Depois de algumas safras excelentes em produtividade e cotações internacionais bastante favoráveis, este ano os produtores brasileiros colheram os resultados amargos da quebra das safras na regiões Sul e Centro-Oeste e a queda dos preços das commodities agrícolas, cenário agravado pela desvalorização da moeda norte-americana.
O tratoraço foi organizado para convencer o governo a renegociar a dívida antiga e rolar para o próximo ano os créditos de custeio e investimento contratados para esta safra. O governo havia liberado R$ 1 bilhão para o refinanciamento das dívidas com fornecedores privados de insumos, máquinas e equipamentos, mas os ruralistas querem mais R$ 3 bilhões.
Argumento a favor do pleito dos produtores vem do estudo inédito do Ipea, com base em dados do IBGE e Fundação Getúlio Vargas, apontando perdas equivalentes a R$ 11,8 bilhões em valor bruto da produção em 2005.
Desta vez os agricultores estão cobertos de razão em bater às portas do Ministério da Fazenda.
