Os aumentos somente não ocorreram em todas as praças instaladas no Paraná por causa da orientação do Governo do Estado. Na semana passada, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) não homologou os preços e ainda determinou que as empresas não reajustassem as tarifas por considerar que os aumentos iriam incidir sobre preços bastante elevados.
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar), Fernando Klein Nunes, o novo aumento contribui para o agravamento da crise pela qual passa o transporte de cargas.
?O setor já está sufocado e não pode repassar mais esse aumento aos clientes sob pena de entrar em colapso e parar de trabalhar?, desabafou. ?Apesar de a lei permitir o repasse, é uma questão de mercado. As nossas margens estão apertadíssimas, mas os clientes não suportam mais?, lembrou.
Fernando destaca que o problema é maior para os transportadores, mas atinge de forma desastrosa a sociedade como um todo. ?O valor cobrado pelas concessionárias é desproporcional se comparado ao benefício gerado. Ele inviabiliza indústria, comércio e turismo sem ao menos o retorno devido para os usuários?, completou.
Jeová Pereira, caminhoneiro e presidente da Associação dos Caminhoneiros do Oeste e Sudoeste do Paraná, denuncia o ?desleixo total? no qual se encontra o setor de transportes. ?Alguns caminhoneiros já não comem para ter dinheiro para pagar a tarifa. O valor do frete já não nos deixa ter lucro, mas aumentar esse custo é perder mercado?, afirmou.
?O prejuízo com o pedágio só aumenta?, destaca. ?Hoje um caminhão com cinco eixos paga quase R$ 400 no trajeto de ida e volta entre Foz do Iguaçu e Paranaguá. A cada 36 meses, dessa forma, perde-se um caminhão?, comparou.
Agricultura ? Estudos apontam que o setor agrícola deixa cerca de R$ 100 milhões por ano nas rodovias pedagiadas, devido ao alto custo das tarifas. Os pequenos agricultores e produtores familiares não colocaram esse custo em planilhas, mas sentem no bolso o prejuízo. É o que afirma Mário Plesk, secretário-geral e diretor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Paraná (Fetaep).
?Esse aumento é invariavelmente repassado para o custo dos produtos. O impacto não incide exatamente no volume de produção, mas no transporte dos produtos e insumos. O valor final fica mais caro e a lucratividade do produtor familiar que já é de quase zero, torna-se negativa?, explicou.
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Pedágio nas rodovias federais também é criticado
A experiência dos pedágios no Paraná é um dos principais motivos pelos quais o Setcepar é contra a instalação de novas praças de cobrança no Estado, conforme prevê um novo plano de concessões da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
?Nós do Setcepar somos contra a instalação de novas praças, principalmente, devido à malograda experiência paranaense. Já temos a CIDE, que deveria ser aplicada em infra-estrutura, a exemplo do que faz o governo estadual?. ?Já pagamos duas vezes e parece que não temos nem o direito de reclamar?, finalizou Fernando Nunes.
Pelo planejamento do Governo Federal serão instaladas novas praças de pedágio na BR-116 entre Curitiba e Santa Catarina e de Curitiba até a divisa com São Paulo e na BR-376 que sai da capital e vai até a divisa com o Estado catarinense.
