Adversários políticos nos últimos meses, o governo e a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciam amanhã uma nova fase, frente à frente na mesa de transição, para encaminhar e decidir sobre temas determinantes para o futuro do País. Mas o trabalho coordenado, que agora é oficial, começou há algumas semanas e já rendeu bons frutos. Na avaliação de fontes do alto escalão do governo, a atuação dos principais interlocutores de Lula foi fundamental para acalmar o mercado financeiro e fazer o dólar recuar nos dias que antecederam o segundo turno das eleições. Uma trégua que nem o dinheiro do Fundo Monetário Interancional (FMI) garantiu.
?José Dirceu, Palocci e Mercadante foram show de bola nas últimas semanas?, reconhece um integrante da equipe econômica, referindo-se ao esforço dos três principais assessores do então candidato à Presidência para desfazer conversas de bastidores sobre possíveis rupturas na política econômica que estavam atiçando ainda mais o nervosismo do mercado. ?Foi o efeito Lula às avessas?, brincou hoje uma fonte do Ministério da Fazenda, lembrando que o mercado vinha justificando a alta do dólar nos últimos meses como conseqüência ao ?Efeito Lula?.
Embora mais comedidos, os ministros da Fazenda, Pedro Malan, e da Casa Civil, Pedro Parente, também reconheceram a importância da estratégia bem sucedida da oposição. No discurso de encerramento do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), na última sexta-feira no Rio de Janeiro, Malan destacou como positivos sinais emitidos por ?vozes sensatas? da candidatura de oposição que ajudaram a restabelecer a confiança no País.
Já o ministro Pedro Parente fez questão de frisar que as declarações de interlocutores dos candidatos e os fundamentos da economia estão contribuindo para melhoria do comportamento dos mercados.
