Transgênicos no mercado são seguros. Mas OMS alerta para longo prazo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) garante que os alimentos geneticamente modificados que hoje estão no mercado são seguros e não representam risco à saúde. Pelo menos por enquanto. A agência de Saúde da ONU alerta que isso não significa que os efeitos a longo prazo sejam desprezíveis e pede reforço no controle e a vigilância sobre os novos produtos.

Hoje a OMS publicou um estudo sobre o impacto dos alimentos que usam sementes transgênicas e deixou claro que não existem evidências de risco para a população. "Não temos dados sugerindo que esse tipo de produto aumente os riscos para a saúde, ainda que isso não signifique que no futuro também sejam inofensivos", disse o diretor de Segurança Alimentar da OMS, Jorgen Schlundt.

A OMS também aponta benefícios das sementes transgênicas entre eles a melhora na qualidade dos alimentos, portanto, melhor nutrição. Outro benefício poderia ser a redução no uso de produtos químicos nas plantações, além de gerar maiores possibilidades para que países pobres possam garantir alimentos para suas populações.

Monopólio

Quanto à última questão há divergências na ONU. Seu relator especial para o Direitos à Alimentação, Jean Ziegler, afirma que seria uma forma de os países ricos passarem a controlar a agricultura das economias mais pobres fornecendo as sementes. A OMS admite que um processo para patentear uma novidade em uma semente pode custar até US$ 1 milhão. Para países em desenvolvimento, esse é obstáculo às pesquisas. Um dos temores, portanto, é de que haja um monopólio dessas novas sementes nas mãos das empresas dos países ricos.

Em termos de saúde para o consumidor, a OMS tende a dar uma avaliação positiva. "Não temos garantias sobre nenhum tipo de produto e é só ver que, nos Estados Unidos, 5 mil pessoas morrem por ano por infeções microbiológicas que não têm qualquer relação com as sementes transgênicas. Já os produtos transgênicos foram submetidos a testes com maior rigor que os alimentos normais", afirmou Schlundt.

Ambiente

O problema para o especialista é a falta de capacidade em muitos países em desenvolvimento para fazer um acompanhamento rigoroso dos efeitos desses alimentos já no mercado. "Os governos precisam garantir a segurança dos alimentos e, para isso, precisam destinar mais recursos para sistemas de vigilância", afirmou Schlundt.

Um dos riscos admitidos pela OMS é quanto aos efeitos desses produtos no longo prazo diante da introdução de novos elementos que não estavam na cadeia alimentar. Um dos exemplos é o da castanha de caju que, modificada, gerou alergias. O produto nunca chegou ao mercado.

O alerta da OMS também se refere ao impacto sobre meio ambiente e hábitos de agricultores em certas regiões. Desde a introdução da nova tecnologia, nos anos 90, os produtos modificados no mercado são soja, canola, milho e algodão. Países como o Brasil têm feito pesquisas sobre mamão, batata e feijão. Já outros países têm informado sobre avanços na produção de arroz, açúcar de beterraba e tomate.

Por enquanto, apenas 4% das terras aráveis do mundo contam com sementes transgênicas. No total, sete milhões de agricultores usam essa tecnologia em 18 países. O Brasil é o terceiro maior usuário, com 6%, superado pela Argentina e Estados Unidos.

Até hoje, a maioria das pesquisas se direcionou para obter uma maior resistência das sementes. A próxima geração de pesquisas, porém, deverá se concentrar na melhora nutricional dos alimentos.

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