Traficantes levando imigrantes ilegais da Somália para o Iêmen jogaram no mar durante uma tempestade mais de 100 pessoas a fim de tornar o barco mais leve e poderem fugir de forças de segurança do Iêmen, informaram autoridades. Trinta e um corpos já foram encontrados em praias da região e cerca de 90 pessoas continuam desaparecidas. Passageiros que resistiram aos traficantes foram esfaqueados ou espancados com porretes e jogados em águas infestadas de tubarões, denunciou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), citando relato de sobreviventes.
"Vários corpos resgatados mostravam sinais de fortes mutilações" (provavelmente provocadas por tubarões), afirmou o Acnur. "Várias mulheres etíopes e pelo menos uma somali foram estupradas pelos traficantes durante a viagem, que teve início em Bosaso, região de Puntland, na Somália. Sobreviventes também afirmam que forças de segurança iemenitas confiscaram o dinheiro deles uma vez que chegaram à costa".
Oficiais do Iêmen disseram que várias embarcações estiveram envolvidas no incidente ocorrido na quinta-feira. Os mortos e desaparecidos estavam num único bote de madeira que levava cerca de 120 pessoas, acrescentaram. Outras 450 pessoas de diferentes embarcações que também foram forçadas a se jogar no mar teriam sido resgatadas com vida. Esse foi o mais recente caso envolvendo brutalidade de traficantes contra pessoas tentando fugir da convulsionada Somália pelo Golfo de Áden. Apenas este ano, 264 pessoas já morreram ou desapareceram ao tentar fazer a travessia até o Iêmen.
"Estamos horrorizados com essa última tragédia", disse a alta comissária assistente para proteção da Acnur, Erika Feller. As vítimas são pessoas "desesperadas para escapar de perseguição, violência e pobreza no Chifre da África".