Ao contrário do que acontece no Rio, onde policiais e ex-policiais sem farda das milícias estão invadindo favelas e expulsando traficantes, em São Paulo é o tráfico que tenta invadir os espaços da segurança privada. Assustados, moradores da favela Vila Esperança, em São Bernardo do Campo, no ABC, têm assistido nos últimos dias a tiroteios entre traficantes que expulsaram seguranças pagos pela comunidade e policiais. No domingo, dois jovens – Cleiton Sampaio, de 21, e Fábio Vieira Inácio, de 20 – foram encontrados mortos depois de confronto. A população informou que eles foram assassinados por terem sido confundidos com membros de facções criminosas.

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Anteontem, o comércio e os ônibus pararam após um toque de recolher do tráfico. As tentativas de dominação começaram há alguns dias, com atentados isolados. Um morador contou que os traficantes passaram a agir depois que o líder de um grupo de vigias do local, chamado Vado, morreu, há cinco meses. Seus funcionários, que cobravam de R$ 15 a R$ 20 pelo serviço, pararam de trabalhar. Segundo o delegado do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), de São Bernardo, Paul Henry Verduraz, polícias agora tentam manter o controle da área, com efetivo maior e rondas no morro.

Ontem, dezenas deles, entre policiais militares e civis, estiveram na favela à noite. Recomendaram à reportagem que deixasse a área. ‘Ninguém mais sai à noite, isso aqui agora fica deserto’, disse um morador do morro, que há 15 anos está ali. ‘A gente tem medo de morrer.’ No domingo à noite, um grupo fortemente armado e equipado com colete à prova de balas invadiu o local, aos gritos: ‘Nós somos do PCC e o ABC tá dominado.’ O morro é um dos poucos onde não há tráfico de drogas, segundo a população.

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