Trabalho escravo pode prejudicar economia, diz cientista político

Brasília – A prática de trabalho escravo no país pode prejudicar a economia, afirma o cientista político Leonardo Sakamoto, da organização não-governamental Repórter Brasil.  ?A utilização do trabalho escravo, principalmente em áreas importantes, relevantes de exportação de produtos brasileiros, atinge diretamente a economia?, disse Sakamoto.

Segundo ele, alguns importadores brasileiros e estrangeiros já começam a utilizar a ?lista suja? de produtores que foram atuados pelo Ministério do Trabalho pela prática de trabalho escravo. ?Muitos importadores da União Européia e dos Estados Unidos já usam a ?lista suja? para verificar se podem ou comprar ou não de determinados produtores?, informou.  A ?lista suja? do trabalho escravo tem o nome de 178 infratores flagrados por grupos móveis de fiscalização.

Uma das áreas importantes do comércio onde vem sendo detectada a existência de trabalho escravo é voltada para produção de cana-de-açúcar. Na última quarta-feira (9), por exemplo, o grupo de fiscalização do Ministério do Trabalho libertou mais de 200 trabalhadores em Mato Grosso, na fazenda Agropecuária Pôr-do-Sol, em Campos de Júlio.

O trabalho escravo caracteriza-se pelo cerceamento da liberdade. A forma mais comum de cerceamento é pelo endividamento, que pode ser associado a transporte, comida, alojamentos e equipamentos. Algumas vezes, os empregadores retêm documentos dos trabalhadores, enquanto outros recorrem a homens armados para evitar a ?fuga? de trabalhadores.

De acordo com dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, neste ano foram libertados no país 2.047 pessoas em 106 fazendas. Dessas, 572 foram no Pará, o que representa mais de um quarto do total de trabalhadores mantidos em regime de escravidão. Em segundo lugar, vem Tocantins, com 450 libertados.

As estatísticas mostram que, nos últimos 10 anos, o Pará liderou o ranking de exploração de mão-de-obra escrava entre os estados. A exceção foi 2005, quando Mato Grosso ficou em primeiro lugar, porque houve a libertação de mais de mil trabalhadores em uma única propriedade. Desde 1997, as equipes de fiscalização do Ministério do Trabalho colocaram em liberdade 19.718 pessoas.

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