Rio de Janeiro – Os trabalhadores com 50 anos ou mais de idade recebem salários bem mais altos do que os jovens que estão entrando no mercado de trabalho, com idades entre 18 e 24 anos. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada hoje (20) mostra que o rendimento médio de um trabalhador com mais de 50 anos era de R$ 1.401,30 em maio deste ano, 36,3% maior do que o da população total ocupada (R$ 1.027,80) nas seis maiores regiões metropolitanas do país (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador).
De acordo com o estudo, em maio de 2002 a diferença salarial entre as duas faixas etárias era de R$ 38,00 e em maio de 2006 passou para R$ 373,50. As pessoas com 60 anos ou mais de idade também ganhavam em maio deste ano (R$ 1.383,80) mais do que a população total ocupada.
O IBGE constatou que a maioria das pessoas ocupadas com 50 anos ou mais trabalha por conta própria (32,7%), enquanto os empregados com carteira assinada no setor privado representam 24,1%. A categoria de militares e funcionários públicos aumentou sua participação de 18,6% em 2002 para 23,3% em 2006. ?Os concursos públicos no período e os incentivos financeiros para que os servidores continuem na ativa explicam esse aumento?, observou a analista da pesquisa do Instituto, Maria Lúcia Vieira.
Na avaliação do professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Poscham, o número de autônomos é maior entre as pessoas com 50 anos ou mais porque muitas delas já se aposentaram e estão buscando uma composição de renda, o que também justifica os salários mais altos.
?Essa transição para o trabalho autônomo pode ser também uma complementação de renda para ajudar no financiamento da família. Isso é importante do ponto de vista familiar porque também os jovens estão vendo postergada a sua faixa etária de inserção no mercado de trabalho, diante da dificuldade de conseguir o primeiro emprego?, explicou o professor, que também é autor de vários estudos sobre mercado de trabalho no Brasil.
O motorista de táxi Reinaldo Soares, de 62 anos, que sempre trabalhou como autônomo, admite que é preciso determinação para vencer as dificuldades do dia-a-dia, mas que o trabalho é gratificante, já que ?o trabalhador é seu próprio patrão?. Segundo o taxista, muitos trabalhadores que já deveriam estar pensando na aposentadoria, estão buscando alternativas para melhorar a renda.
?Quando as pessoas se aposentam o salário não é condizente com o padrão de vida que elas levam, então as pessoas têm que buscar outro emprego. Além disso, hoje há uma dependência maior dos filhos, que mesmo crescidos, ainda precisam da ajuda dos pais, seja porque ganham pouco ou mesmo porque têm dificuldade em conseguir um emprego?, destacou.