O Grupo Tortura Nunca Mais pretende iniciar na próxima semana uma campanha no Brasil e no exterior pela apuração de casos de tortura policial e o esclarecimento das mortes de opositores do regime militar, como a do jornalista Vladmir Herzog. A informação foi dada pela primeira secretária da entidade no Rio, Victoria Grabois, que disse ainda não ter detalhes da nova ofensiva. Victoria afirmou que a entidade quer a reabertura do inquérito que apura a morte do jornalista a partir das fotos inéditas dele na prisão divulgadas recentemente e afirmou que o governo Lula retrocedeu na questão.

“Com Fernando Henrique, demos um passo a frente, e no governo Lula estamos tendo um retrocesso. Tínhamos esperança, com a eleição de Lula, um grande sindicalista que combateu a ditadura, de darmos passos a frente, mas estamos regredindo. Lula criou uma comissão de notáveis que nada fez, só nos enrola” queixou-se Victoria, para quem o presidente reluta para preservar um bom relacionamento com as Forças Armadas. “Tenho certeza de que ele tem medo de se indispor com os militares”.

Para a ativista, as fotos de Herzog demonstram que, ao contrário do que alega o ministro da Defesa, José Viegas, muitos documentos que poderiam esclarecer as mortes de mais de 400 pessoas durante o regime militar não foram queimados e permanecem inacessíveis. “Agora tudo foi queimado. Claro que existem documentos. Os dirigentes do Exército não são idiotas. Espero que, em cima dessas fotos que mostram claramente que Herzog foi torturado dentro do Doi-Codi de São Paulo, que o governo Lula, que até agora nada fez em relação aos mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar, tome uma atitude e abra inquéritos”.
continua após a publicidade

continua após a publicidade