Na lanterna da Série B do Brasileiro e muito perto do rebaixamento para a terceira divisão, o Guarani parece viver uma crise sem fim. Na noite de ontem, ela foi agravada pelo violento protesto dos torcedores que deixou um saldo de destruição na sede do clube. Além disso, com salários atrasados, jogadores foram despejados de um flat de Campinas e os funcionários fazem campanha de arrecadação de alimentos para poderem sustentar suas famílias.
Um grupo de aproximadamente 20 torcedores, todos com capuzes, invadiu a sede administrativa do clube, por volta das 22 horas de domingo. Além da destruição de vidros e móveis, houve até uma tentativa de incêndio. A situação só não foi mais grave por causa da rápida atuação da Polícia Militar. Mas os policiais não conseguiram prender nenhum dos invasores. Hoje, a direção do Guarani anunciou que o prejuízo pela invasão dos torcedores foi de cerca de R$ 2,5 mil.
Segundo o diretor administrativo do Guarani, Antônio Carlos dos Santos, o clube não dispõe de serviço de segurança na sede, e o único porteiro foi rendido pelos torcedores, que estariam com uma bomba nas mãos. O dirigente acusa os invasores de usarem camisetas da Torcida Uniformizada Fúria Independente.
O presidente da torcida organizada, Richard Willians Souto, afirmou que ele não tem responsabilidade sobre os membros filiados fora dos dias de jogos. A sede da Fúria Independente fica a cerca de 50 metros do portão principal do Estádio Brinco de Ouro.
Sem dinheiro
Para piorar o clima no Guarani, vários jogadores do elenco foram hoje despejados de um flat onde moravam, localizado perto do estádio. A direção do clube não se manifestou oficialmente, mas o motivo foi o atraso de quatro meses no pagamento do aluguel.
A direção do clube improvisou três quartos para alojar os jogadores que foram despejados, como o goleiro Deola, o zagueiro Márcio Martins, o lateral Ademar, os meias Túlio e Danilo e o atacante Alex Afonso.
Os jogadores também não recebem salários há três meses e vivem as dificuldades provocadas pela falta de dinheiro no Guarani. O refeitório do clube, por exemplo, não funciona com regular freqüência e a qualidade da comida piorou bastante.
Já os funcionários do clube não recebem há seis meses as cestas básicas, que diminuíam o impacto dos atrasos de salários, que agora já são de quatro meses. Um ex-funcionário, Gilberto Moreno lidera uma campanha de arrecadação de alimentos para amparar as famílias dos funcionários. "Tem gente, realmente, passando fome" revelou Gilberto Moreno.
Sem solução
O presidente do Guarani, Leonel Martins de Oliveira, e seus diretores mais próximos tentam determinar os próximos passos no clube, já aceitando o fato de que a queda para a Série C do Brasileiro parece inevitável.
"Não vamos tomar nenhuma atitude agora. Não há um planejamento e nem recursos para tal. Vamos fazer tudo após o término da Série B", explicou o presidente. Segundo ele, toda a verba que o Guarani teria direito no Clube dos 13 e na Federação Paulista já foi adiantada até 2007.
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Enquanto isso, o técnico Waguinho Dias tenta preparar o Guarani para a partida de sábado, contra o Sport, em Campinas. Para escapar do rebaixamento, o clube precisa vencer seus dois últimos jogos – enfrenta o Vila Nova, em Goiânia, na última rodada – e ainda torcer contra os concorrentes diretos.