Rio (AE) – A queda do risco País para 3,5% e a inflação no nível de 5% abre espaço para a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 9,75% ao ano, recuar para 8,5% ou 8,75%. A análise foi feita hoje (23) pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir à equipe econômica que amplie gastos. A taxa de juros usada como referência nos financiamentos da instituição é calculada de acordo com a soma dos dois indicadores macroeconômicos.

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"Tenho confiança de que a TJLP vai ser reduzida. Se não na reunião de dezembro, até antes, porque se o CMN (Conselho Monetário Nacional) quiser ele pode fazer uma reunião extraordinária para reduzir a TJLP de modo que ela seja compatível com o investimento", afirmou Mantega, após seminário "Visão estratégica sul-americana no Brasil", realizado pela Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), na sede do BNDES.

De acordo com ele, a manutenção da TJLP em 9,75% significa que o juro real para o investimento, atividade que deveria ser privilegiada, começa a subir. "Você tem um juro real elevado inclusive para aqueles empresários que já fizeram investimentos e que estão com contrato em curso", disse.

O BNDES e a Corporação Andina de Fomento (CAF) assinarão no dia 9 de dezembro, convênio que vai resultar numa linha de crédito de US$ 2,4 bilhões para investimentos em infra-estrutura na América do Sul. O dinheiro será usado prioritariamente para apoiar empresas brasileiras que fornecem máquinas ou serviços para expandir a interligação do continente.

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Segundo Mantega, o objetivo do BNDES é fazer um aporte de US$ 200 milhões numa linha de crédito de US$ 100 milhões a que o Brasil já tem direito na CAF. Com isso, a classificação do País no organismo andino aumentará, resultando num poder de alavancagem de financiamento maior. Com US$ 100 milhões, o Brasil poderia obter volume de empréstimo quatro vezes superior. Levando-se em conta US$ 300 milhões, incluindo a injeção do banco, o financiamento salta oito vezes.

Presente ao evento no BNDES, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que já há 31 projetos de infra-estrutura na América do Sul que estão sendo analisados e viabilizados pelo BNDES, pela CAF e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "É um projeto amplo de integração física da América do Sul", afirmou Bernardo.

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Já Mantega disse que o "sonho" é criar um banco de desenvolvimento da América do Sul, com a união de forças dos bancos de fomento da região. "A CAF poderia ter uma atuação comum junto com o BNDES, no caso dando garantias de modo que a gente possa aumentar nossos empréstimos. Hoje nós temos US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões em curso", afirmou.