A simulação do seqüestro de um ônibus de transporte coletivo envolvendo sete reféns no Centro Curitiba encerrou nesta sexta-feira o curso promovido pelo Grupo Tigre, da Polícia Civil do Paraná, a policiais de grupos de elite de todo o país. O treinamento envolveu perseguição ao ônibus, negociação com os seqüestradores e o uso de armas com "balas de tinta".
"Aqui, tanto as armas quanto os seqüestradores eram de mentira, mas pudemos avaliar a capacidade de negociação que os alunos adquiriram durante o curso e também o plano de ataque para invasão do ônibus, prisão dos criminosos e resgates dos reféns, que foram satisfatórios", avaliou o delegado titular do Grupo Tigre e coordenador do curso, Riad Braga Farhat.
Para a ação, o delegado usou um grupo de dez figurantes que foi dividido para atuar como reféns e seqüestradores. A simulação começou quando os policiais, que faziam a ronda no Centro da cidade, perceberam um assalto acontecendo dentro de um ônibus. Houve perseguição até que o ônibus ficou "encurralado" em uma rua sem saída. Os três "assaltantes" renderam sete "reféns" e começaram a fazer exigências aos policiais. Os alunos, que se passaram por integrantes do Grupo Tigre, foram acionados para resolver a situação.
De acordo com o delegado, os supostos seqüestradores que participaram da prova foram orientados para negociar com os policiais. "Tentamos fazer com que tudo parecesse o mais real possível. Tanto reféns quanto seqüestradores receberam dicas de como agir, para não exagerarem na dose e nem facilitarem", explicou Farhat. Durante o treinamento, os policiais conseguiram convencer os assaltantes a libertarem um refém. Mais de três horas depois do início do treinamento, os alunos decidiram invadir o ônibus. Houve troca de tiros. Todos os três seqüestradores foram baleados. Nenhum refém foi ferido. "A ação dos alunos foi bem sucedida, mas é preciso lembrar que foi apenas uma simulação. Agora eles terão que trabalhar em situações reais para realmente saberem como é a tensão de um seqüestro", disse o delegado.
Curso
Desde o começo de novembro, 21 policiais do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná fazem o curso de iniciativa da Secretaria da Segurança Pública do Paraná. Três policiais foram reprovados nos testes de resistência logo no começo das atividades e tiveram que voltar para casa. Durante o treinamento, os alunos fizeram simulações de troca de tiro em favela cenográfica, passaram quatro dias na Serra do Mar testando resistência física e psicológica e ainda exercitaram a descida de rapel.
Dois alunos paranaenses que se formam com o final do curso reforçarão a equipe do Grupo Tigre. Para a Polícia Civil do Paraná, este treinamento é requisito essencial para que seus policiais possam fazer parte do grupo de elite anti-seqüestro. "Trabalhamos com situações delicadas, com pessoas correndo risco de vida, por isso nossos policiais precisam ser extremamente rápidos e precisos", explicou o delegado.
Reconhecimento
O Tigre foi considerado um dos melhores grupos anti-seqüestro do Brasil, pelo Ministério da Justiça, e desde então ensina as táticas desenvolvidas e aplicadas pelos paranaenses para policiais de outros estados que atuam em casos de seqüestro.
"No Paraná, conseguimos praticamente reduzir a zero os seqüestros e mesmo assim, quando acontecem, temos 100% de sucesso na solução, prisão dos criminosos e resgate dos reféns sem ferimentos", disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.
Durante o primeiro semestre deste ano, 14 casos de seqüestro foram registrados pela polícia. Todos foram solucionados pelo grupo de elite paranaense, que ainda colabora na elucidação de seqüestros em outros Estados.