O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, atacou há pouco o que considera ser "um abuso da delação premiada". Segundo ele, a Polícia Federal abriu um inquérito, ainda em sigilo, para investigar um grupo de pessoas que estaria procurando réus, já condenados, para oferecer a delação premiada dizendo ser capaz de reduzir a pena dos sentenciados.
"A PF investiga um grupo de pessoas que poderia ser chamado de corretores de delação premiada, que procura réus condenados e propõe, em troca de diferentes pagamentos, alguns em dinheiro e outros em favores de outra espécie, a redução de pena, mediante adesão e outorga de procuração", disse o ministro ao participar do "11º Seminário Internacional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM).
De acordo com Thomaz Bastos, a prática representa crime de estelionato, uma vez que as sentenças não serão reduzidas. Ainda ao criticar o que considera o uso abusivo da delação premiada, o ministro da Justiça se disse uma das vítimas desse abuso, ao citar o depoimento dado pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, às CPIs no Congresso Nacional.
"Eu mesmo fui vítima quando o sujeito foi depor sigilosamente, conforme vi várias vezes na fita de vídeo, foi induzido por seu advogado, advogado entre aspas, que aponta para uma folha com uma lista de nomes e diz: Fala esse. Tive meu nome ligado a essa pessoa e, só depois, num outro depoimento, o sujeito que me acusou negou tudo e os jornais publicaram, no dia seguinte, que ele se retratou", disse o ministro, numa referência à citação de Barcelona, de que tinha realizado operações de troca de moeda para o escritório de Thomaz Bastos e posteriormente, em depoimento à sessão conjunta das CPIs dos Bingos, Mensalão e Correios, negou ter trabalhado para o ministro. "Foi uma retratação suspeita", opinou.