TGV propõe que funcionários emprestem dinheiro à Varig

O desespero parece ter tomado conta dos empregados da Varig. Para que os aviões da companhia continuem voando, além de aceitar 2.900 demissões e redução de 30% nos salários agora o grupo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) propõe que os demais 7.600 funcionários tomem empréstimo bancário coletivamente para pagamento com desconto em folha e repasse dos recursos à companhia. "O governo faz crédito consignado para a compra de eletrodoméstico. Estamos propondo o crédito consignado para investir em empresa", disse o coordenador do TGV, Márcio Marsillac. Ele fez a declaração hoje (17) à noite, ao chegar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), onde pretendia fazer a proposta de financiamento de "algo que giraria em torno de US$ 100 milhões".

O empréstimo não seria tomado todo pelos empregados e não seria para a Varig atual, mas para uma empresa "limpa, sem dívidas", a ser formada só com os ativos considerados bons da companhia aérea, a chamada Varig Operacional, que seria vendida em leilão judicial. "Estimamos que o valor desta parte boa seja de US$ 600 milhões a US$ 2 bilhões", disse Marsillac. De acordo com ele, dessa forma os credores da Varig conseguiriam o melhor preço pelos bons ativos da companhia, reduzindo o prejuízo.

A Varig Operacional ofereceria em garantia ao empréstimo seus ativos, como milhas Smiles, exemplificou Marsillac.

Segundo fontes, o BNDES não tem como fazer uma operação diretamente para a Varig porque a companhia aérea não tem garantias. Mas, em tese, seria possível financiar um investidor interessado na compra integral ou parcial da companhia aérea.

Uma solução desse tipo já foi adotada quando a Varig vendeu as subsidiárias VarigLog e VEM. Na ocasião, o BNDES financiou o grupo comprador, do qual fazia parte a TAP, e teve como garantia títulos do Tesouro português oferecidos pela empresa. Essa operação foi realizada rapidamente. Em princípio, isso poderia se repetir, uma vez que o banco considera que há urgência e que técnicos da instituição já vêm estudando a questão em contato com outras áreas do governo, como os Ministérios da Defesa e da Casa Civil.

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