A tempestade que caiu no fim da tarde de sexta-feira (17) com fortes chuvas, vento e granizo prejudicou Campo Largo e seus habitantes. Um dos locais mais afetados foi prédio do Hospital Nossa Senhora do Rocio localizado no centro da cidade, cujo telhado desabou. Em ambientes como a UTI pediátrica, centros cirúrgicos e nos quartos, as pedras atravessaram três camadas que incluíam telhado, gesso e forro, até caírem perto das incubadoras dos bebês e dos leitos dos pacientes.
Na hora na chuva, de acordo com o proprietário e diretor geral do hospital, o médico Luiz Ernerto Wendler, haviam cerca de 400 pacientes internado. “Eram 300 pacientes na enfermaria e 100 na UTI. Destes mais graves, internados na unidade de terapia intensiva, 50 eram crianças e bebês da UTI pediátrica. Tínhamos bebês bem pequenos, alguns com apenas 500 gramas de peso. Foi desesperador ver as pedras caindo perto das incubadoras da UTI neonatal, mas felizmente todos puderam ser transferidos, sem ferimentos”.
Mesmo com o caos instalado, com a ajuda de cerca de 600 pessoas entre funcionários e voluntários, os pacientes puderam ser levados para a nova unidade do Hospital Nossa Senhora do Rocio, que fica na Rua Maria Aparecida de Oliveira, onde estão as novas instalações que ainda não estavam em pleno funcionamento. “Ambulâncias e carros particulares ajudaram a levar os pacientes para o novo hospital. A transferência dos atendimentos para lá estava planejada e levaria cerca de um mês para ser concretizada, mas com a catástrofe de ontem, tudo teve que ser feito às pressas. Agora serviços essenciais como nutrição e laboratórios terão de se adaptar e pelo menos por uma semana, não receberemos novos pacientes”, explicou Wendler.
Após os estragos, o hospital antigo deve ser fechado definitivamente. Todos os atendimentos passarão para o novo, que possui 1200 leitos e deve ser uma referência no atendimento dos pacientes do SUS, principalmente com a UTI infantil. “Os últimos 50 pacientes que estavam em uma área não atingida devem ser transferidos hoje. E ainda bem que o novo estava pronto, senão poderíamos ter tido uma grande tragédia” disse o diretor-geral.
Quem acompanhou de perto o mutirão que salvou todos que estavam internados no hospital foi a técnica de enfermagem Janete Merchiori Ribinski, funcionaria da instituição. Ela lembra que as horas durante e depois da tempestade foram muito difíceis. “Foi um terror, muito difícil mesmo. A sensação é que tudo iria desabar, as pedras caiam por todos os lugares. Minha preocupação era com os pacientes entubados, com as mães e os bebes recém-nascidos. Fico triste de ver tudo destruído, este hospital é como se fosse minha casa”.
Enquanto uns eram solidários e ajudavam com os doentes, outros se aproveitavam da situação. Na frente do hospital, os carros que estavam estacionados ficaram com os vidros quebrados e a lataria amassada. Nisto, segundo relato de testemunhas, vândalos aproveitaram para saquear o que havia no interior dos veículos.